Andrei Medvedev, o ex-comandante russo do grupo Wagner que fugiu para a Noruega, pediu esta quinta-feira desculpas por combater na Ucrânia, apelando a que os responsáveis por crimes de guerra levados a cabo em solo ucraniano sejam levados à justiça.
Numa entrevista à agência Reuters, Medvedev procurou desculpar-se mais uma vez por ter feito parte da milícia armada russa, que tem combatido na Rússia e que é acusada de cometer atrocidades, tanto na guerra na Ucrânia, como em países como o Mali e a República Centro Africana.
“Muitos consideram-me um bandido, um criminoso, um assassino. Antes demais, queria desculpar-me novamente e repetidamente. Apesar de não saber como é que isto vai ser recebido, quero pedir desculpas", disse Medvedev.
O antigo comandante russo garante que "não é aquela pessoa" que combateu na guerra na Ucrânia, admitindo que se juntou ao grupo e que "há momentos da [sua] história que as pessoas não vão gostar, mas ninguém nasce inteligente".
Andrei Medvedev tem vindo a admitir, em entrevistas realizadas após a sua fuga para a Noruega, a falta de coordenação e a grande brutalidade sistémica que tem sido implementada nas forças armadas russas e no grupo Wagner, descrevendo ordens contraditórias pelas hierarquias mais altas e opressão violenta de pessoas que pedissem para abandonar a guerra (algumas terão sido mesmo executadas).
No entanto, o ex-comandante não confirmou a prática de crimes de guerra e de atrocidades contra civis, dizendo repetidamente que não fazia parte desses grupos.
Ainda assim, Medvedev afirmou que é "assustador perceber que há pessoas que se consideram nossos compatriotas, e que viriam matar-nos num instante ou sob as ordens de alguém".
“Eu decidi manifestar-me publicamente contra isto para garantir que os responsáveis são punidos em certos casos e tentarei dar a minha contribuição, por mais pequena que seja,", prometeu.
O ex-militar escapou da Rússia no passado dia 13 de janeiro, conseguindo atravessar a fronteira dos dois países na região do Ártico. Medvedev conseguiu fugir, apesar da apertada segurança na região, revelando que ouviu tiros e cães atrás de si enquanto atravessou o rio gelado que separa Rússia e Noruega.
O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, um dos mais próximos aliados de Vladimir Putin (e uma personagem cuja influência tem sido muito criticada por entidades ocidentais), desvalorizou os testemunhos de Medvedev, considerando-o "muito perigoso" e contando que este maltratava prisioneiros quando trabalhava para a sua milícia.
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