Opositor senegalês falha audiência em caso que o pode afastar de eleições
Um dos líderes da oposição senegalesa, Ousmane Sonko não compareceu hoje num tribunal de Dacar para um julgamento por difamação do qual pode depender a sua candidatura às eleições presidenciais em 2024.
© Getty Images
Mundo Ousmane Sonko
Os advogados do Sonko alegaram perante o tribunal que o seu cliente não tinha recebido qualquer citação para comparecer, argumento contraditado pela acusação e pelo advogado do queixoso, um ministro.
A defesa pediu ainda um adiamento do julgamento para que possa investigar melhor o caso. O julgamento foi adiado para 16 de fevereiro.
Nos últimos dois anos, Sonko, terceiro candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2019 e putativo candidato às eleições no próximo ano, foi por diversas vezes levado a tribunal, sempre acompanhado por grande aparato policial desde que foi envolvido num caso de alegada violação em março de 2021, caso que esteve na origem dos tumultos mais graves no país durante anos.
Sonko tem insistido que está a ser alvo de uma conspiração para o manter fora das eleições presidenciais e que o poder judicial está a ser utilizado pelo Presidente, Macky Sall, que este refuta.
A justiça senegalesa decidiu em janeiro levar Sonko a julgamento pela alegada violação, mas não é conhecida qualquer data para o início do processo.
O caso tem sido fonte de tensão constante, mas as atenções voltaram-se recentemente para um outro processo, desta vez por difamação, sendo que as eventuais consequências em relação à candidatura de Sonko às presidenciais senegalesas são semelhantes.
A lei eleitoral prevê a retirada da candidatura dos cadernos eleitorais e, portanto, a sua inelegibilidade, em caso de condenação.
No julgamento que devia ter começado hoje, Sonko foi processado pelo ministro do Turismo, Mame Mbaye Niang, membro do partido no poder, por "difamação, insultos e falsificação".
O ministro, que esteve hoje presente na audiência, acusa-o de ter afirmado em dezembro que a sua gestão tinha sido "implicada" numa auditoria sobre o Programa de Desenvolvimento do Património Agrícola Comunitário (Prodac), que o governante nega.
Niang esteve à frente do Ministério da Juventude e Emprego entre 2014 e 2019 e era sua responsabilidade supervisionar o Prodac, criado pelo Presidente Sall para promover o emprego dos jovens nas zonas rurais.
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