"Aqui estamos, firmes para defender a democracia, para defender a estabilidade do país, para defender o investimento privado com o apoio do Estado, do governo", realçou a chefe de Estado peruana durante a inauguração da ampliação e reforço do cais do terminal portuário de Paita, na região norte de Piura.
Boluarte, que estava na companhia do primeiro-ministro, Alberto Otárola, garantiu que "a violência, o radicalismo e a polarização dirigidas desde um lugar da Diroes [Direção de Operações Especiais da Polícia] não farão baixar o moral" do executivo, numa referência à esquadra de Lima onde o seu antecessor, Pedro Castillo, está em prisão preventiva.
A governante substituiu Castillo em 07 de dezembro por sucessão constitucional, depois do então Presidente ter sido demitido pelo Congresso, acusado de uma tentativa de autogolpe.
Durante a inauguração, Boluarte vincou que o porto de Paita "está ao nível dos países desenvolvidos" e sublinhou que vê "o Peru a crescer", esperando que "com investimento privado".
"É muito importante que [os investidores] possam acreditar num país que tenha segurança jurídica, que tenha estabilidade democrática, que respeite as instituições e onde é possível continuar a investir no Peru", acrescentou.
Boluarte enfatizou que, a estes fatores, deve-se adicionar "um Estado comprometido com um trabalho honesto, transparente, sem autoridades corruptas que saqueiam a alma e a riqueza do povo peruano".
"Apesar de um período de crise política gerada por um grupo violento e radical que quer gerar anacronismo no nosso país, nós como governo responsável continuamos a trabalhar intensamente", frisou.
A Presidente peruana exortou, por isso, "todos os setores" do país "a deixarem de lado as suas diferenças e a trabalharem juntos para ultrapassar o momento difícil e doloroso" que o Peru atravessa.
"Os peruanos e as peruanas pedem para acabar com o confronto e a polarização de uma vez por todas. Interesses partidários à parte, é hora de pensar no Peru, não podemos mergulhar o país na incerteza e na ansiedade, precisamos de paz social, união, diálogo e concertação", indicou.
Depois, Boluarte fez referência às bancadas do Congresso (Parlamento) que ainda não conseguiram chegar a acordo sobre a proposta de antecipação das eleições gerais no país, uma das principais reivindicações das manifestações antigovernamentais.
Perante a falta de consenso no Congresso, o governo apresentou esta quarta-feira uma nova iniciativa legislativa com "caráter de urgência" que propõe a antecipação das eleições gerais para este ano.
"O nosso governo tem o firme compromisso de continuar a trabalhar para construir a paz social e atrair novos investimentos", concluiu Boluarte em Paita.
Até agora, pelo menos 65 pessoas morreram, incluindo um polícia segundo as autoridades locais, nas manifestações de contestação ao governo do Peru, que abalam o país desde o início de dezembro.
A contestação no Peru começou após a demissão do ex-Presidente Pedro Castillo, detido depois de tentar dissolver o Congresso, e os manifestantes pedem a demissão da atual Presidente, Dina Boluarte, a dissolução do Congresso e a convocação de eleições para uma assembleia constituinte, além de punição para os responsáveis policiais e militares envolvidos na repressão.
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