A mensagem foi transmitida por Adaljiza Magno em Jacarta, onde Timor-Leste participa pela primeira vez com o estatuto de observador na reunião do Conselho Coordenador da ASEAN (CCA), um encontro ao nível de ministros dos Negócios Estrangeiros.

Nas suas primeiras palavras perante a ASEAN, a chefe da diplomacia timorense sublinhou a natureza histórica do momento, um "importante passo na longa jornada para Timor-Leste se tornar membro da grande família e comunidade da ASEAN".

"Estamos a avançar com confiança para concretizar o nosso sonho e partilhar a visão da ASEAN: uma visão, uma identidade, uma comunidade", afirmou.

A governante timorense foi recebida, simbolicamente, pela sua homóloga indonésia, Retno Marsudi, no que a imprensa indonésia considera representativo dos últimos passos para a adesão de Timor-Leste.

"Os líderes da ASEAN decidiram em Phnom Penh, em novembro, aceitar em princípio a adesão de Timor-Leste como 11.º membro da ASEAN, permitindo a sua participação nas reuniões da ASEAN, incluindo este encontro do CCA", disse.

"Honrados membros desta assembleia, como tal, e pela primeira vez hoje, damos as boas-vindas à participação da ministra dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste", afirmou a ministra indonésia, considerando que este país "pode contribuir para a estabilidade e prosperidade na região".

Ausente do encontro em Jacarta está Myanmar (antiga Birmânica) que desde 2021 não pode participar, ao nível ministerial, em reuniões da ASEAN, podendo enviar apenas diretores gerais.

Neste caso, segundo a imprensa indonésia, o Myanmar não está representado por quaisquer enviados.

Timor-Leste está em Jacarta, pela primeira vez, com o estatuto de observador da ASEAN, aprovado na última cimeira da organização em Phnon Phen e que abre a porta para a adesão plena à organização, eventualmente a concretizar ainda este ano.

"Esta decisão reconhece o compromisso e os passos dados por Timor-Leste e permite-nos mais tempo para que nos preparemos para garantir que a adesão representa os interesses, aspirações e sonhos do nosso povo", afirmou Adaljiza Magno.

A chefe da diplomacia reconheceu que o processo até à adesão é "cheio de desafios, mas que não é uma missão impossível", reiterando o "otimismo e dedicação" com que as autoridades timorenses estão a trabalhar no processo.

Entre os avanços conseguidos nos últimos anos, destacou aspetos como o "desenvolvimento de políticas e processos regulatórios para cumprir com os requisitos" da adesão, iniciando um processo de recrutamento e de reforço dos recursos humanos.

"Esperamos, em março, consolidar os nossos planos nesta questão com uma reunião com os parceiros de desenvolvimento em Díli em março", disse.

Timor-Leste, acrescentou, "continua a apoiar a ASEAN como o centro de gravidade para salvaguardar a estabilidade e o crescimento na região", referindo que o país partilha com a organização "interesses, desafios e responsabilidades".

À margem dos encontros do CCA, a ministra timorense manteve já várias reuniões bilaterais com homólogos de Estados-membros da ASEAN.

Na sexta-feira, reuniu-se com o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros do Laos, Saleumxay Kommasith, com quem falou sobre "uma gama de assuntos bilaterais, incluindo estabelecimento de cooperação económica" no contexto da ASEAN.

Magno aproveitou o encontro, refere um comunicado do seu gabinete, para solicitar o apoio de Laos relativamente à sua própria experiência de adesão à ASEAN, em 1997.

No mesmo dia, reuniu-se também com o seu homólogo do Camboja, Prak Sokhonn, com ambas as partes a defenderem a necessidade de "fortalecer a cooperação bilateral e dentro do contexto da ASEAN".

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