O Ministério dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional de Cabo Verde informou, em comunicado, que o acordo de troca das notas relativo à atribuição da ajuda alimentar vai ser assinado na terça-feira, na cidade da Praia, num montante de 10 milhões de yuans chineses, equivalente a 150 milhões de escudos cabo-verdianos (1,3 milhões de euros).
Segundo o executivo cabo-verdiano, o apoio constitui uma "pronta resposta" ao apelo lançado pelo Governo de Cabo Verde, na sequência da declaração de situação de emergência social e económica provocada pela crise pandémica da covid-19, período de seca prolongada que assola o país e as consequências da guerra na Ucrânia.
"Essa ajuda vai apoiar as autoridades cabo-verdianas na resposta aos desafios ligados à segurança alimentar e nutricional, contribuindo para o aumento da disponibilidade de cereais e estabilidade de preços no mercado nacional", previu a mesma fonte.
A assinatura será efetuada pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Miryan Vieira, e o embaixador da República Popular da China em Cabo Verde, Xu Jie.
A China tem sido um dos grandes parceiros do desenvolvimento de Cabo Verde nos últimos 40 anos, apoiando, além da alimentação, em diversas áreas, como habitação social, militar, económica, tecnologia, segurança e formação de quadros na cultura, desporto.
Em 20 de junho de 2022, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, declarou a situação de emergência social e económica no país devido aos impactos da guerra na Ucrânia, anunciando medidas de mitigação, com um custo total de mais de 80 milhões de euros.
Em setembro do mesmo ano, o executivo já tinha mobilizado junto de parceiros internacionais mais de metade desse valor para implementar as medidas, adotadas nos setores da economia, energia e agroalimentar.
Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística.
Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo, suportado pelo Movimento para a Democracia (MpD), baixou em junho a previsão de crescimento de 6% para 4%, que, entretanto, voltou a rever, para mais de 8% e em janeiro para 10 a 15% e prevê uma inflação recorde de 8% para este ano.
Leia Também: Guiné-Bissau recebe mil toneladas de ajuda alimentar da China