"O que ele está a propor é completamente absurdo", disse Albanese, que se encontrava em Copenhaga.
Terça-feira, Trump disse que queria assumir o controlo da Faixa de Gaza, devastada pela guerra, e repetiu que os seus habitantes poderiam mudar-se para a Jordânia ou o Egito, apesar da oposição destes países e dos próprios palestinianos.
No final de um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, Trump avançou que quer reconstruir aquela região e passar a controlar a zona, não excluindo a possibilidade de enviar tropas norte-americanas para a Faixa de Gaza.
Netanyahu considerou ser uma ideia que "vale a pena tentar", afirmando que o plano "pode mudar a História".
"Isto é ilegal, imoral e irresponsável. É completamente irresponsável porque vai agravar a crise regional", lamentou a especialista da ONU, que reiterou as suas acusações de 'genocídio' israelita em Gaza.
Para Albanese, os comentários de Trump são "um incitamento à deslocação forçada, que é um crime internacional", afirmou.
"No contexto do genocídio, isto reforçará a cumplicidade nos crimes cometidos por Israel nos últimos 15 meses e antes", sublinhou Albanese, enquanto a trégua e a libertação dos reféns 'oferecem um raio de esperança'.
A primeira fase das tréguas entre Israel e o movimento islâmico palestiniano Hamas permitiu a libertação de 18 reféns detidos em Gaza e de cerca de 600 palestinianos detidos por Israel, bem como a entrada de ajuda humanitária no território sitiado.
A relatora considera que as declarações do Presidente dos Estados Unidos "causarão pânico em todo o mundo, porque as consequências são enormes".
Albanese, que lembrou que está mandatada pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU mas que não fala em nome da organização, apelou à aprovação de "uma posição de princípio e a que se diga 'basta'".
Já hoje, Alemanha, França e Reino Unido rejeitaram o plano de Trump, defendendo que a solução para a região tem de passar pela existência de dois Estados.
A Faixa de Gaza "pertence aos palestinianos" e deverá, "tal como a Cisjordânia e Jerusalém Oriental" fazer parte do "futuro Estado palestiniano", defendeu a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã. "A população civil de Gaza não pode ser expulsa e Gaza não pode ser permanentemente ocupada ou recolonizada", sublinhou Annalena Baerbock.
Também a França se mostrou contra o plano, sublinhando que a solução para a região tem de passar pela existência de dois Estados: Israel e Palestina.
"A França opõe-se totalmente à movimentação das populações", afirmou a porta-voz do Governo francês, Sophie Primas, acrescentando que as declarações de Donald Trump sobre a Faixa de Gaza e a transferência dos palestinianos que lá vivem são "perigosas para a estabilidade e para o processo de paz".
Posição idêntica à do Reino Unido, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, defendeu que os palestinianos devem manter-se na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e ter a possibilidade de aí "viver e prosperar".
"Precisamos de ver que os palestinianos são capazes de viver e prosperar nos seus territórios, em Gaza e na Cisjordânia", disse.
Leia Também: Brasil considera incompreensível proposta de retirar palestinianos de Gaza