"No que diz respeito à criação de um centro de aprovisionamento técnico e material, como sabem, esse acordo foi firmado e está em processo de ratificação", disse o governante durante uma conferência de imprensa em Cartum, a capital do Sudão, no final de uma reunião com o seu homólogo sudanês, Ali Al Sadiq.
O acordo para a construção de uma base naval ao largo do Sudão foi assinado em 2020, após o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter ordenado ao Governo para aprovar o centro logístico de manutenção e reparação de navios, à semelhança do que já existe em Tartus, na Síria.
O acordo terá uma vigência de 25 anos, e a base permitirá à Rússia estacionar na costa do país africano navios movidos a energia nuclear, de acordo com a agência Efe.
O documento bilateral aponta ainda que a base poderá acolher até quatro navios de guerra em simultâneo e terá uma capacidade máxima de 300 militares e funcionários civis.
Em novembro de 2017, o então Presidente da Síria, Omar ah-Bashir, prometeu ao seu homólogo russo o estabelecimento de uma base militar no país, depois de pedir à Rússia proteção contra "as ações agressivas dos Estados Unidos", acusando Washington de ser o responsável pela separação do Sudão do Sul, que depois de décadas de guerra civil se converteu num país independente.
Na conferência de imprensa, Lavrov destacou a postura "responsável" e "independente" dos países africanos no que diz respeito à invasão da Ucrânia pela Rússia e negou que as visitas de representantes ocidentais ao continente possam influenciar os laços entre Moscovo e a região.
Por seu lado, o chefe da diplomacia sudanesa assegurou que Cartum aceitou o convite para participar na cimeira Rússia-África que se vai realizar em julho, em São Petersburgo.
Para restabelecer e impulsionar as relações entre a antiga União Soviética e o continente, Putin presidiu, em 2019, à primeira cimeira entre os dois blocos, em Sochi, no mar Negro.
Assistiram à cimeira 43 líderes africanos, com muitos a exprimirem um grande interesse em adquirir armamento russo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros termina no Sudão, a primeira desde 2014, uma viagem por vários países africanos que começou no princípio do ano, e que incluiu países como Angola, Mali e Mauritânia.
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