Reino Unido "consciente" do risco de escalada se entregar aviões a Kyiv

O governo britânico assumiu esta quinta-feira estar "consciente do risco de escalada" se entregar aviões de combate ao exército ucraniano, sublinhando que está a agir "cautelosamente" e culpando a Rússia por qualquer agravamento do conflito.

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© Peter Nicholls-WPA Pool/Getty Images

Lusa
09/02/2023 14:53 ‧ 09/02/2023 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"Tomamos estas decisões com cuidado e após consideração cuidadosa. Estamos conscientes dos riscos potenciais de escalada", disse o porta-voz do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, quando questionado pelos jornalistas sobre a relutância de alguns dos aliados ocidentais de Kiev.

Durante uma visita surpresa do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Londres anunciou na quarta-feira que pilotos ucranianos seriam em breve treinados para manobrarem aviões de combate militares usados pelos países da NATO, e prometeu estudar a entrega "a longo prazo" dos caças exigidos por Kiev.

"Tudo o que fazemos tem em conta os riscos potenciais de escalada, mas mais uma vez gostaria de salientar que é a Rússia, não a Ucrânia ou a NATO (...) quem está a provocar uma escalada da situação", acrescentou hoje o porta-voz.

Depois de decidirem em janeiro enviar tanques pesados para o exército ucraniano, os aliados ocidentais de Kiev têm-se mostrado relutantes em dar mais um passo fornecendo aviões, com o presidente dos EUA, Joe Biden, a excluir, nesta fase, esta opção. 

Sunak disse que "nada está excluído" relativamente à ajuda militar a Kiev e que a entrega de aviões, solicitada por Volodymyr Zelensky durante um discurso no Parlamento britânico, fazia "naturalmente parte das discussões".

Londres estima que a formação de pilotos levará três anos, uma vez que os militares ucranianos estão familiarizados com as aeronaves de fabrico soviético e não com as normas da NATO.

A embaixada russa no Reino Unido avisou hoje Londres de que a entrega de caças à Ucrânia poderá resultar numa "escalada" com "consequências militares e políticas para o continente europeu e o mundo inteiro".

"A Rússia encontrará uma resposta a qualquer medida hostil", acrescentou.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.155 civis mortos e 11.662 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Londres rejeita envio de aviões de combate para a Ucrânia

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