Segundo a imprensa local, a polícia turca deteve no sábado pelo menos 14 pessoas nas províncias de Gaziantep e Sanliurfa e entre elas figuram construtores e engenheiros civis.
Pelo menos 6.000 edifícios desabaram na Turquia e o número de mortos já ultrapassa os 28.000, levantando questões sobre se a tragédia poderia ter sido menor se fossem aplicados critérios de construção mais rígidos.
Muitos cidadãos também se perguntam se o governo do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, poderia ter feito mais para salvar vidas.
Com as eleições presidenciais em maio, a gestão do desastre e as explicações para a grande quantidade de edifícios que ruíram podem determinar o destino do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, nas urnas.
O vice-Presidente turco, Fuat Oktay, lembrou que o Ministério da Justiça defende que é "crucial" reunir provas e impor medidas cautelares aos suspeitos para evitar que fujam do país.
Na sexta-feira, a polícia deteve um construtor turco de um condomínio residencial de luxo na província de Hatay que desabou com mais de uma centena de pessoas dentro.
A detenção ocorreu quando o construtor se preparava para embarcar em Istambul para fugir para Montenegro.
O "Renaissance Residence", construído em 2013, era um dos edifícios mais exclusivos de Antioquia, capital de Hatay, anunciando os apartamentos como "uma imagem do paraíso", garantindo que a construção seguiu os mais rígidos critérios de qualidade e segurança.
Em outra investigação, o Ministério Público ordenou a prisão de 33 pessoas em Diyarbakir (sudeste do país, capital da província homónima na região da Anatólia) por negligência na remoção de pilares para ganhar espaço nas residências, o que afetou a resistência estrutural.
Estas detenções são os primeiros passos do Estado para apurar responsabilidades numa altura em que sobem de tom as críticas à má qualidade das habitações, algo que muitos atribuem à corrupção e aos escassos processos de fiscalização.
Embora a Turquia tenha regulamentos sobre resistência sísmica na construção, as medidas raramente são aplicadas, mesmo em edifícios mais recentes, que deveriam ter resistido melhor a terremotos.
Além disso, sob o governo de Erdogan, foram aplicadas várias amnistias a edifícios que não cumpriram os regulamentos, incluindo resistência sísmica, tendo a situação sido regularizada com o pagamento de uma multa.
O número de mortos provocados pelos devastadores sismos que atingiram segunda-feira a Turquia e a Síria superou já os 28 mil, maioritariamente em território turco.
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