ONU registou 24 mil violações graves contra crianças em conflitos em 2021

As Nações Unidas (ONU) registaram cerca de 24.000 violações graves contra crianças em conflitos armados em 2021, sobretudo homicídios, mutilações e recrutamentos, e frisaram que os dados recolhidos em 2022 mostram a continuidade dessa tendência.

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© Mustafa Ciftci/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
13/02/2023 17:50 ‧ 13/02/2023 por Lusa

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Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU para debater formas de prevenção face às graves violações contra crianças em zonas de conflito, a representante especial da ONU Virginia Gamba afirmou que "25 situações estão atualmente a ser monitorizadas" pelo seu gabinete, salientando que "nunca foi tão pertinente e urgente" abordar o assunto.

"Em 2021, último ano do meu relatório, a ONU verificou quase 24.000 violações graves cometidas contra crianças. As violações em maior número foram homicídios, mutilações e recrutamentos, seguidas da impedimento de acesso humanitário e sequestros. Enquanto preparamos o relatório para 2022, os dados recolhidos mostram que essas tendências (...) permanecem num nível chocante", disse Virginia Gamba, representante especial do secretário-geral para Crianças e Conflitos Armados.

Violações sexuais e outras formas de violência e ataques a escolas e hospitais integram ainda a lista de atrocidades cometidas em maior número contra menores de idade.

Documentar e verificar violações e abusos têm sido os primeiros passos da ONU para compreender a situação das crianças no terreno.

No entanto, diante dos ciclos contínuos de violência e conflito cada vez mais intensos, frequentes e complexos, a representante especial da ONU apontou a necessidade de identificar riscos pré-existentes.

Crianças sem acesso a educação, em situações de pobreza e deslocamento, ou crianças com deficiência estão entre as mais vulneráveis a violações graves quando os conflitos emergem, de acordo com as Nações Unidas.

Essas crianças estão, portanto, mais expostas ao recrutamento por grupos armados e a outros riscos, como a violência sexual.

"Todas as pessoas com menos de 18 anos devem ser reconhecidas como crianças, pois as crianças têm direito a proteção especial sob a lei internacional de direitos humanos, particularmente sob a Convenção sobre os Direitos da Criança", destacou Virginia Gamba.

Também a representante especial da ONU para a Violência contra Crianças, Najat Maalla M'jid, abordou a ampla gama de vulnerabilidades a que as crianças estão expostas, como residência em áreas pobres e remotas, privação de cuidados familiares, detenção ou retenção em instituições, pertença a minorias, deficiências, serem migrantes, refugiados, requerentes de asilo e apátridas, entre muitas outras.

"As crianças que não têm papel no conflito são as que mais sofrem com as suas consequências. Mas isso não é inevitável. (...) Apenas através do investimento em sistemas nacionais integrados de proteção à criança, podemos garantir medidas preventivas proativas eficazes", disse.

Com foco em medidas preventivas concretas, Najat Maalla M'jid considerou fundamental compreender e identificar quem são essas crianças e onde vivem, acompanhar o número exato de crianças em situação de vulnerabilidade e desenhar sistemas de alerta rápido de emergência para crianças.

Considerou também crucial garantir o acesso fácil à ajuda humanitária e fortalecer a cooperação transfronteiriça para evitar o risco de sequestro, tráfico e desaparecimento de crianças em zonas de conflito.

"Isto significa: garantir uma gestão de fronteiras amiga da criança, intercâmbio rápido de informação e registo adequado, encaminhamento e acompanhamento de crianças desacompanhadas ou separadas e implementação de sistemas de dados transfronteiriços pré-desenvolvidos que possam ser reativados em situações de crise", especificou.

"Essa cooperação permitirá uma melhor responsabilização dos perpetradores e traficantes através de recursos aprimorados para investigações criminais e assistência jurídica mútua", acrescentou M'jid.

Vários diplomatas presentes na reunião apontaram a Ucrânia, o Afeganistão e a República Democrática do Congo como alguns dos países onde as crianças estão a vivenciar os horrores da guerra e do conflito, defendendo uma ação firme para proteger os menores de idade.

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