"O Governo de Espanha inicia uma nova etapa nas relações com o continente africano assente no papel, cada vez mais importante, que África desempenha como ator global", afirmou José Manuel Albares, na sua intervenção na 42.ª sessão ordinária do conselho executivo da União Africana (UA), em Adis Abeba, composta por ministros das Relações Exteriores e outros representantes dos Estados-membros.
"Estou aqui hoje para vos transmitir o interesse de Espanha em construir uma associação genuína, em pé de igualdade com os países de África, mas sobretudo a convicção de que só trabalhando juntos enfrentaremos os desafios globais", acrescentou o ministro espanhol, sublinhando os " fortes laços geográficos, históricos, económicos, culturais e sociais" que unem a Espanha ao continente africano.
O chefe da diplomacia espanhola visitou a Etiópia, sede da UA, no âmbito dos preparativos da 36.ª Cimeira Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da organização, a realizar no próximo fim de semana.
O discurso de Albares foi o primeiro de um ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, nos últimos 15 anos, perante o conselho executivo, bem como o primeiro discurso em espanhol perante aquele órgão, após o idioma ter passado a ser língua de trabalho da UA a pedido da Guiné Equatorial.
A realização deste encontro "coincide com uma situação internacional complexa, com importantes mudanças geopolíticas e com crises globais inter-relacionadas, em que a África e a União Africana são chamadas a fazer ouvir as suas vozes e a serem ouvidas com muita atenção", destacou o ministro.
Para Albares, num "momento de mudança global (...) o crescente peso geopolítico e voz de África constituem uma realidade que deve ser reconhecida pela comunidade internacional".
"A Espanha quer trabalhar por uma associação com a África baseada no respeito mútuo, aceitando as nossas diferenças e associações soberanas, mas unindo esforços na defesa de interesses e deveres compartilhados, que são muitos", acrescentou Albares.
A UA, organização que reúne os 54 Estados soberanos de África e a República Árabe Saarauí Democrática, realizará a sua cimeira regular a 18 e 19 de fevereiro, após um ano marcado por desafios como fenómenos climáticos extremos, terrorismo, conflitos e golpes de Estado que afetaram vários dos seus países-membros.
O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol esteve em janeiro no Níger, Nigéria e Guiné-Bissau, para "reafirmar o compromisso de Espanha" com África e realçar que o continente será uma prioridade da presidência europeia que Madrid assumirá em julho.
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