Nicarágua retira cidadania a 94 opositores

A Nicarágua retirou na quarta-feira a cidadania a 94 opositores políticos, incluindo aos escritores Sergio Ramírez e Gioconda Belli.

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Lusa
16/02/2023 06:28 ‧ 16/02/2023 por Lusa

Mundo

Nicarágua

O juiz do tribunal de recurso Ernesto Rodríguez Mejía declarou 94 pessoas traidoras e anunciou a perda da cidadania nicaraguense, além de confiscação das propriedades.

Mejá salientou que os visados, entre eles a ativista Vilma Núñez e o jornalista Carlos Fernando Chamorro, são culpados de "espalhar falsas notícias" e "conspiração para minar a integridade" do país.

Não é claro em que lei se baseou a declaração do magistrado. O parlamento da Nicarágua ainda não aprovou na totalidade a projeto de lei que vai permitir ao Governo retirar a cidadania a uma pessoa.

A maioria das pessoas que constam da lista fugiu da Nicarágua desde que o Presidente do país, Daniel Ortega, começou a perseguir opositores, há dois anos. Mejía classificou estas pessoas de fugitivos, não mencionando, porém, o que pode acontecer aos que se encontram ainda no país.

A mudança acontece dias depois de Ortega ter enviado 222 detidos, como líderes políticos, padres, estudantes, ativistas e outros dissidentes, num voo para os Estados Unidos.

Milhares de pessoas fugiram do país desde que as forças de segurança nicaraguenses reprimiram violentamente protestos antigovernamentais em massa, em 2018.

Ortega disse que os protestos foram uma tentativa de golpe, com apoio externo, visando a queda da presidência e encorajando nações estrangeiras a aplicar sanções aos membros da sua família e do Governo.

No período que antecedeu a reeleição de Ortega, em novembro de 2021, as autoridades do país detiveram sete potenciais candidatos presidenciais da oposição. O Governo também encerrou centenas de organizações não-governamentais que Ortega acusou de receberem financiamento estrangeiro e de o canalizar para desestabilizar o executivo.

Entretanto, os Estados Unidos pediram na terça-feira a "libertação imediata" do bispo Rolando Álvarez, condenado a 26 anos de prisão pelos crimes de conspiração, divulgação de notícias falsas, obstrução de funções e desacato à autoridade.

"Condenamos esta ação do Governo da Nicarágua e apelamos à libertação imediata do bispo Álvarez", declarou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, antes de reiterar o apelo da administração do Presidente Joe Biden, para "a libertação das pessoas presas na Nicarágua por exercerem as liberdades fundamentais".

Álvarez é membro da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) e é reconhecido no país pelo trabalho feito na defesa dos direitos humanos contra a opressão do Governo sandinista de Ortega. Em 2022, tornou-se no primeiro bispo da Igreja Católica a ser detido desde que Daniel Ortega assumiu o poder em 2007.

Ortega tinha classificado a Igreja como uma "ditadura perfeita" que usa os bispos para "dar um golpe" no país centro-americano, garantindo que alguns padres pediram derramamento de sangue, nos protestos de 2018, durante os quais morreram mais de 300 pessoas.

Leia Também: Juiz da Nicarágua condena bispo católico a 26 anos

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