"Estamos satisfeitos e orgulhosos com a Missão Militar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SAMIM, sigla inglesa) em Cabo Delgado. Estamos também a mobilizar a comunidade internacional", referiu Bankole Adeyoe em conferência de imprensa.
Aquele responsável falava à margem da 36.ª conferência dos chefes de Estado e de Governo da UA, que hoje terminou em Adis Abeba.
"Quero assegurar que a comissão já mobilizou recursos para suportar o secretariado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC)", disse, para depois fazer referência ao mecanismo de apoio da União Europeia (UE) com a UA, o qual deverá abrir portas para "mais auxílio para Moçambique, particularmente para capacitar as forças de segurança a combater efetivamente o terrorismo".
"A assembleia reiterou o seu compromisso com a paz" em todo o continente, "incluindo a África Austral", ao mesmo tempo que mobiliza a comunidade internacional, "como as Nações Unidas e parceiros de desenvolvimento, para apoiarem esta força de restabelecimento de paz" em Cabo Delgado.
Bankole Adeyoe destacou a importância de haver união face a um inimigo global: "É necessário que caminhemos juntos para travar o alastramento do terrorismo, extremismo violento e radicalização na África Austral".
"Esta é a primeira vez que a região da SADC vive tal situação" de insegurança devido ao extremismo, assinalou aquele responsável.
As declarações de Bankole Adeyoe estão em linha com as de Moussa Faki Mahamat, presidente da comissão da UA, que já hoje havia referido que "a comunidade internacional tem de contribuir" porque o extremismo "é uma ameaça para a paz e a segurança internacionais".
Moussa Faki Mahamat acrescentou que "a UA pretende prosseguir o diálogo com os seus parceiros, em particular as Nações Unidas, para garantir mais financiamentos, para além dos recursos africanos".
A UE mantém uma missão de treino de tropas em Moçambique às quais também já entregou equipamento não-letal.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da SADC, libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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