Denunciada detenção "política" de diretor de rádio privada na Tunísia

Os advogados do diretor da estação de rádio privada tunisina Mosaïque FM anunciaram hoje que o detido está a ser acusado de "lavagem de dinheiro e enriquecimento ilegal", denunciando um caso "político" em retaliação a um programa crítico.

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Lusa
22/02/2023 23:46 ‧ 22/02/2023 por Lusa

Mundo

Tunísia

O diretor da estação de rádio mais ouvida na Tunísia, Noureddine Boutar, foi detido, juntamente com nove figuras políticas, numa ação de repressão lançada pelas autoridades no início de fevereiro.

Na segunda-feira à noite foi emitido um mandado de detenção contra Noureddine Boutar, de acordo com os seus advogados, que afirmaram, após a sua detenção, que o seu interrogatório tinha abordado a linha editorial da estação.

Numa conferência de imprensa, hoje, os advogados informaram que o seu cliente estava a ser processado por "lavagem de dinheiro e enriquecimento ilegal".

"Estas acusações são infundadas e não têm qualquer ligação com qualquer crime", disse Me Ayoub Ghdamssi. "Este caso é político por excelência", frisou o causídico.

Segundo o advogado, Boutar é vítima de represálias por parte das autoridades pelo programa Midi-Show, "que incomoda as autoridades e lhes coloca um problema por causa das suas vozes livres que acreditam na liberdade de expressão".

Lançado em 2011, o Midi-Show, programa de sucesso da estação que passa em revista as notícias políticas na Tunísia, convida frequentemente convidados críticos das políticas do Presidente, Kais Saied.

A Amnistia Internacional chamou à recente vaga de detenções "uma tentativa deliberada de asfixiar a dissidência, incluindo a crítica ao Presidente", e exortou-o a "acabar com esta caça às bruxas por motivos políticos".

Hoje à tarde, o secretário-geral do partido Al Joumhouri, Issam Chebbi, foi detido por cerca de 20 polícias à paisana em Ariana, na região da grande Tunísia, disse à AFP o seu irmão Ahmed Néjib Chebbi, presidente da Frente Nacional de Salvação, a principal coligação da oposição.

Saied, no poder desde julho de 2021, descreveu os detidos como "terroristas" e acusou-os de conspirar "contra a segurança do Estado" e de manipular os preços das mercadorias para fomentar tensões sociais.

Leia Também: AI pede à Tunísia que liberte dois condenados por atos homossexuais

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