Os 600 delegados que participaram no congresso social-democrata em Berlim escolheram Scholz por uma esmagadora maioria, com apenas cinco votos contra.
Pouco antes, Scholz, cujo partido tem cerca de 15% nas sondagens, tinha começado a sua intervenção com um alerta sobre a situação na Áustria, onde a extrema-direita foi encarregada de formar um governo depois do fracasso das conversações entre os restantes partidos.
"Isto é devastador, não podemos simplesmente tomar nota disso sem fazer nada", disse Scholz, apontando implicitamente para o perigo de que o favorito nas sondagens, o democrata-cristão Friedrich Merz (CDU), possa quebrar a sua promessa de não cooperar com a Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita), dado que não terá previsivelmente uma maioria absoluta para governar.
"Há forças que recorrem à incitação e à divisão como modelo político", afirmou, referindo-se à AfD, e sublinhou que, no entanto, "a maioria da Alemanha sabe disso" e por isso apoia as forças democráticas.
Scholz falou de um mundo em que a situação é "muito grave", devido à guerra na Ucrânia, à ascensão do populismo e do nacionalismo de direita e também à incerteza sobre as relações com os Estados Unidos após a tomada de posse de Donald Trump como Presidente norte-americano, no próximo dia 20.
"A Alemanha está numa encruzilhada. Se no dia 23 de fevereiro tomarmos a saída errada, acordaremos num outro país", afirmou.
Scholz acusou o seu principal rival, o conservador Merz, de querer aplicar "velhas receitas" e fazer política "nas costas" do povo, com um programa austero que significará, advertiu, cortes nos cuidados de saúde e colocará em risco as pensões.
Enquanto o SPD quer baixar os impostos sobre as pessoas de baixos rendimentos e reduzir o IVA sobre os alimentos, os democratas-cristãos da CDU pretendem oferecer benefícios fiscais precisamente aos 10% mais ricos dos cidadãos, disse o candidato social-democrata.
Para Scholz, não é possível alcançar um bom futuro com "vantagens fiscais para os milionários".
O chanceler cessante delineou o programa do seu partido, com propostas para relançar a economia, como a realização de investimentos maciços em infraestruturas e energias renováveis e o incentivo a investimentos privados no país com um título "Made in Germany", tudo financiado graças a um abrandamento do travão à dívida.
Além disso, prometeu preservar os empregos em risco devido à difícil situação económica, aumentar o salário mínimo em 15 euros e estabilizar as pensões, entre outras medidas sociais.
A nível internacional, Scholz reiterou a sua política de apoio à Ucrânia, prometendo mais uma vez "manter a calma" e agir com moderação para não provocar uma escalada do conflito, e lembrou as recentes declarações do Presidente eleito norte-americano, Donald Trump, sobre a Gronelândia, que o princípio da inviolabilidade das fronteiras "é válido para todos".
O chanceler, cuja popularidade caiu a pique durante os três anos de mandato - o que fez com que durante algum tempo se considerasse que o seu partido escolheria outro candidato às eleições - também teve um momento de autocrítica.
"Talvez eu devesse ter acabado com a coligação mais cedo", admitiu Scholz, que expulsou os liberais do FDP da coligação tripartida (que incluía também os Verdes) em novembro, o que precipitou a convocação de eleições antecipadas, sete meses antes do previsto.
O chanceler afirmou que, apesar das disputas internas, tentou manter a chamada 'coligação-semáforo' por "responsabilidade", mas reconheceu que "a unidade não pode ser imposta por decreto".
Segundo uma sondagem do INSA para o jornal Bild publicada hoje, o SPD de Scholz obteria apenas 16% dos votos, atrás do bloco conservador CDU-CSU, que perde um ponto para 30%, e da AfD, que ganha dois pontos para 22%, enquanto os Verdes permaneceriam nos 13%.
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