Ucrânia. "Nove anos de guerra e 365 dias de genocídio"

Para o mundo, a guerra na Ucrânia tem um ano, mas para as centenas de ucranianos que, esta sexta-feira, se concentraram na Praça de Espanha, em Madrid, as contas são outras: "nove anos de guerra e 365 dias de genocídio".

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Lusa
24/02/2023 20:48 ‧ 24/02/2023 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"A guerra tem nove anos", insistiu Iryna Bilokon, ao responder a perguntas da agência Lusa, dizendo que os ataques da Rússia à Ucrânia começaram "muito antes" do dia 24 de fevereiro de 2022, com a invasão da região da Crimeia em 2014.

O mundo "não prestou atenção" a esse ataque e por isso a reação internacional que se seguiu ao 24 de fevereiro de 2022, com apoio e ajudas à Ucrânia tão generalizados, mantêm Iryna "surpreendida" até hoje, pela dimensão "muito maior do que esperava".

Iryna Bilokon, médica, vivia na cidade de Kharkiv, na Ucrânia, de onde fugiu "há quase um ano", por causa da guerra.

A sua história retrata a dos cerca de oito milhões de refugiados que saíram da Ucrânia após a invasão russa de 2022, numa crise de deslocados inédita na Europa desde a II Guerra Mundial: Iryna acabou em Espanha, a irmã ficou na Polónia, os pais ficaram em Kharkiv.

O pai, por ser homem em idade de ser mobilizado para a guerra, não pode sair da Ucrânia, "mas também não quer", e a mãe decidiu ficar com o marido.

Prefere não falar de como saiu da Ucrânia naqueles dias e como chegou a Espanha. Conta apenas que neste momento espera ainda o reconhecimento do seu diploma médico para poder começar a trabalhar em Espanha, onde pensa ficar, para já, porque a Ucrânia está "muito destruída" e não há, nem haverá nos tempos mais próximos, "condições de trabalho para os jovens".

Madrid foi uma das centenas de cidades em todo o mundo em que houve hoje manifestações e concentrações de solidariedade com o povo ucraniano e a condenação do regime russo de Vladimir Putin.

A concentração de Madrid reuniu várias centenas de pessoas e foi organizada por associações da comunidade ucraniana em Espanha, que promoveram iniciativas semelhantes em 50 cidades espanholas.

O objetivo foi agradecer o apoio da comunidade internacional em geral e de Espanha em particular neste último ano à Ucrânia e pedir que a mobilização se mantenha, explicou à Lusa um dos organizadores da concentração de Madrid, Yuri Chopik.

Todas as intervenções na manifestação de Madrid sublinharam que hoje se assinala o primeiro ano da "agressão em grande escala" da Rússia, porque a guerra e os ataques de Moscovo têm mais tempo.

Em torno de dezenas de velas acesas para lembrar os ucranianos que morreram na guerra e aqueles que combatem no terreno, cartazes lembram que aquilo que aconteceu no último ano foram "365 dias de genocídio", mas também 365 dias de "generosidade", "lealdade", "compaixão", "amor" e "ajuda" da comunidade internacional, a par de "365 dias de coragem", "de resistência" e "de força" da Ucrânia e do povo ucraniano.

"Conseguiremos a vitória e que seja em 2023", disse aos manifestantes um conselheiro da embaixada da Ucrânia em Madrid.

Recebeu como resposta o mesmo grito que ecoou hoje pelas ruas de centenas de cidades em todo mundo: 'Slava Ukraini' ('Glória à Ucrânia').

Leia Também: Diplomatas na ONU em Genebra solidarizam-se com Kyiv

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