"Entre os corpos recuperados e os desaparecidos, há uma centena de mortos, um número enorme", disse o porta-voz da OIM em Itália, Flavio di Giacomo, explicando que segundo os depoimentos dos sobreviventes, 180 pessoas viajavam no barco.
Os números até agora conhecidos apontam para 82 sobreviventes localizados e 62 corpos recuperados, entre as vítimas do naufrágio que ocorreu no domingo na costa da Calábria.
"Isso significa que cerca de uma centena de pessoas perdeu a vida, embora nunca saibamos o número exato", admitiu o porta-voz.
Entre as vítimas encontram-se muitas crianças, incluindo um recém-nascido, e mulheres, segundo relatos dos socorristas.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, expressou, num comunicado, o seu "profundo pesar" pela tragédia e disse que era "criminoso colocar um barco de 20 metros com 200 pessoas a bordo e uma previsão de mau tempo" no mar.
Di Giacomo revelou que o número de vítimas este ano "já era alto", pois até 24 de fevereiro e antes desta tragédia, no Mediterrâneo Central, a OIM tinha calculado 182 mortos.
Em todo o ano de 2022, o número de vítimas mortais subiu para 1.417, enquanto desde 2014, "quando a nossa unidade de vigilância começou a fazer este triste cálculo, tinha havido 20.500 mortos, número que aumenta para 25.000 se calcularmos todo o Mediterrâneo", estima a organização.
"A rota central do Mediterrâneo, as águas em redor da Itália e da Líbia, é a mais perigosa do mundo", concluiu Di Giacomo.
No caso da "rota turca", como a que era seguida pela embarcação que naufragou perto de Crotone (Calábria), e que tinha deixado a Turquia quatro dias antes, a chegada de migrantes é considerada relativamente pouco intensa.
"Mas a visão eurocêntrica faz-nos pensar que há uma emergência numérica de refugiados na Itália, quando não é assim. Trata-se de um número residual. Os movimentos permanecem na África e na Ásia, e metade dos que chegam são de nacionalidade afegã, devido à crise desencadeada em agosto de 2021 naquele país", explicou Di Giacomo, referindo-se à chegada ao poder do regime talibã de Cabul.
"Enquanto a nossa visão for securitária e não humanitária, tragédias como a de ontem continuarão a ocorrer", defendeu o porta-voz da OIM.
"Apelamos a todos os governos para que deem prioridade ao socorro no mar, que neste momento é totalmente insuficiente", acrescentou Di Giacomo, assegurando que há estudos que mostram que não existe um único fator que incentive as deslocações pelo mar dos migrantes.
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