"O reconhecimento da qualidade dos CAFE [Centros de Aprendizagem e Formação Escolar] a nível nacional é comprovado pelos excelentes resultados obtidos nos exames do 9.º e 12.º anos e pela enorme procura por parte dos pais e alunos. São as provas do sucesso deste projeto", afirmou Armindo Maia em Díli.
Armindo Maia falava no Centro Cultural Português, na Embaixada de Portugal em Díli, numa cerimónia de boas-vindas a um grupo de professores que vai ser destacados para os 13 CAFE de Timor-Leste, um projeto luso-timorense para a requalificação do ensino timorense em língua portuguesa.
Um primeiro grupo de 59 professores chegou a Díli no início da semana, tendo seguido para os municípios onde vão estar destacados até final do ano letivo, e onde se juntaram a vários professores já no país.
Esta quarta-feira chegou a Díli um segundo grupo, de 60 docentes, que vai completar as equipas no terreno, quase dois meses depois do início do ano letivo de 2023. Os últimos docentes são esperados para breve. Do total de docentes este ano 35 são estreantes.
Armindo Maia reconheceu os atrasos na chegada dos professores ao território, que atribui ao "ciclo orçamental" e dificuldades com voos.
O ministro saudou os responsáveis e professores timorenses que desde 09 de janeiro têm estado a "preparar e implementar os processos de ensino".
Aos docentes recordou a "experiência" e "desafio" que representa trabalhar em Timor-Leste, manifestando-se esperançado que os docentes portugueses e timorenses desenvolvam um projeto "produtivo e enriquecedor" para rodos.
Pediu aos docentes dos dois países para que "continuem a trabalhar em parceria" partilhando "pedagogia, saberes, experiências, vivências e respeito mutuo", reiterando a vontade de "timorização" progressiva das escolas.
Um processo, vincou, que quer dotar professores timorenses de "todas as competências fundamentais para exercício da profissão, formação de jovens (...) capazes de fazer a diferença na sociedade timorense e em particular na educação".
Armindo Maia disse que a vontade de Portugal e Timor-Leste de dar continuidade ao projeto se evidenciou durante as negociações do novo protocolo que gere o projeto, concluídas em 2022.
O objetivo, disse, é "reforçar e consolidar o que já existe em termos de qualidade de ensino, formação de professores e infraestruturas" e expandir o projeto quer ao novo município de Ataúro (criado em 2002) que, eventualmente, aos postos administrativos do país, tal como apontado na Lei das Grandes Opções do Plano de 2022.
Armindo Maia disse aos jornalistas que o objetivo atual é que a escola de Ataúro possa ser aberta "já no próximo ano", com planos de abertura de uma segunda escola em Díli.
Dando as boas-vindas ao grupo de docentes, a embaixadora de Portugal em Díli, Manuela Bairros, referiu-se à vocação de ser professor em Timor-Leste.
"Este projeto é um projeto também de amizade e fraternidade em que as duas equipas se completam, cada uma com o seu contributo. A embaixada olha para este conjunto de professores como a menina dos seus olhos em matéria de cooperação, numa relação de amizade com Timor-Leste", disse.
"Este é um projeto de Timor, já foi da cooperação portuguesa, agora é de Timor-Leste, acompanhado por Portugal e é assim que se fazem as relações com os nossos amigos, os países da CPLP. Relações históricas, de identidade, de memória e fraternas, com esta massa humana que vai consolidar essa relação", disse.
Criados no âmbito de um protocolo de 2014, o projeto bilateral dos CAFE -- financiado conjuntamente por Portugal e Timor-Leste -- o projeto de CAFE é considerado um dos mais importantes do país no que toca à promoção do ensino em língua portuguesa.
O projeto está em 12 dos 13 municípios do país e na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).
Em termos gerais tem como objetivo a "melhoria da qualidade do sistema educativo timorense através" com aulas em português e a paralela formação de docentes timorenses que estão destacadas nas 13 escolas CAFE do país.
No passado chegou a ser debatida a possibilidade de o modelo de escolas ser ampliado a nível de posto administrativo, ainda que a ideia ainda não se tenha concretizado.
Este ano o sistema abrange um total de 11 mil alunos em todos os níveis de ensino, nomeadamente 1.676 no ensino pré-escolar, 7.332 no ensino básico e 1.890 em ensino secundário geral.
As escolas CAFE contam este ano com 130 professores portugueses e 217 timorenses.
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