"As nossas Forças Armadas e a Polícia Nacional não apenas defenderam com esforço e valentia a independência, a soberania e a integridade territorial, como hoje também lutam junto a nós pelo desenvolvimento e por construir um país melhor (...) são as principais aliadas da pátria", disse Boluarte ao receber o bastão de comando que a converte na primeira mulher a assumir este cargo na história do Peru.
Acompanhada pelos ministros do Interior, Vicente Romero, e da defesa, Jorge Chávez, Boluarte presidiu à cerimónia junto a representantes da Polícia, Exército, Marinha, Força Aérea e brigadas de resgate, médicas e "capacetes azuis".
Boluarte assumiu esta função de forma automática ao converter-se Presidente do Peru em 07 de dezembro de 2022, mas até agora não tinha participado neste ato simbólico.
Na sua intervenção, assinalou que o Governo deve fornecer melhores condições às forças militares e policiais, para uma missão que "cumprem com lealdade ao povo peruano".
Assinalou ainda que o Governo vai anunciar um conjunto de medidas para impulsionar o crescimento da região de Puno, sul do país.
Esta província é a única onde ainda prosseguem protestos contra a Presidente interina, exigindo a sua demissão após ter substituído o ex-chefe de Estado Pedro Castillo, que se encontra em prisão preventiva após ser acusado de tentativa de golpe de Estado.
Segundo dados da Procuradoria do Povo, 48 pessoas foram mortas pelas forças militares e policiais durante os protestos, que eclodiram no Peru após a detenção de Castillo, substituído interinamente pela ex-vice-presidente Dina Boluarte.
Pelo menos outras 11 perderam a vida na sequência do bloqueio das estradas. Um polícia também foi morto no interior do seu carro por manifestantes, que incendiaram a viatura.
Os manifestantes exigem a libertação de Castillo, a demissão de Dina Boluarte, a antecipação das eleições, a dissolução do parlamento e a convocação de uma assembleia constituinte. Apesar de uma pausa nos protestos, diversos observadores admitem um regresso a curto prazo das mobilizações populares.
A crise política que abala o Peru é também reflexo do enorme fosso entre a capital e as províncias pobres que apoiam Castillo, de origem ameríndia, e que nunca foi aceite no Palácio Presidencial pela elite e a oligarquia da capital, e pelos principais 'media' na posse de abastados empresários.
Num relatório divulgado em finais de fevereiro, a Amnistia Internacional (AI) denunciou num relatório a "violenta repressão do Estado" peruano contra os protestos antigovernamentais no país e o "uso indiscriminado de armas letais" contra manifestantes, para além de detenções arbitrárias e outras violações dos direitos humanos, incluindo alegadas execuções extrajudiciais.
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