"Quando olho para o acordo que temos agora, é claro que tenho sentimentos mistos", declarou num discurso na Cimeira Global de Soft Power 2023, em Londres.
Johnson disse que percebe "porque é que tantas pessoas se sentem atraídas a aceitar um compromisso" e que espera que o líder do Partido Democrata unionista (DUP), Jeffrey Donaldson, "consiga encontrar uma forma de se reconciliar e o partido com este resultado"
Porém, receita que a Irlanda do Norte continue demasiado sujeita a regras e leis europeias determinadas em Bruxelas e exigirá que produtos manufaturados naquela província britânica tenham de seguir as normas da União Europeia (UE).
"Devemos ser claros sobre o que realmente se está a passar aqui. Não se trata aqui de o Reino Unido retomar o controlo. (...) Isto é a UE a ser graciosamente inflexível para nos permitir fazer o que queremos no nosso próprio país, não pelas nossas leis, mas pelas deles", criticou.
Segundo Johnson, este acordo "atua como uma âncora sobre a divergência que é o objetivo do 'Brexit'", a saída do Reino Unido da União Europeia, para a qual considerou que "não há justificação a menos que se faça as coisas de forma diferente".
"Vou ter muita dificuldade em votar em algo por mim próprio, porque eu próprio acredito que devíamos ter feito algo diferente", vincou.
Caso o acordo seja bloqueado pelo DUP, o antigo primeiro-ministro defende que o Governo britânico avance com a legislação introduzida no Parlamento quando estava em funções para anular partes do acordo do 'Brexit'.
Rishi Sunak e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentaram na segunda-feira em Windsor um acordo-quadro que elimina controlos aduaneiros para as mercadorias que circulam entre o Reino Unido e a Irlanda do Norte, embora sejam mantidos para os bens que vão para a República da Irlanda.
O acordo pretende resolver problemas causados pelo Protocolo da Irlanda do Norte, parte do Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia (UE), que deixava a província britânica alinhada com o mercado único europeu.
Este texto foi a solução encontrada para evitar uma fronteira física terrestre entre a província britânica e a República da Irlanda, país membros da UE, de forma a respeitar os acordos de paz de 1998.
A ratificação não precisa de uma votação, mas Sunak está sob pressão que seja discutido e votado no Parlamento.
No discurso, Boris Johnson admitiu ter cometidos erros na negociação do acordo porque pensava que "esses controlos não seriam pesados, uma vez que não há muita coisa que se enquadre nessa categoria - a maior parte dos bens ficam na Irlanda do Norte".
"A culpa é toda minha, eu aceito plenamente a responsabilidade", murmurou.
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