As decisões saíram do Conselho de Ministros descentralizado, realizado na cidade da Ribeira Grande, no quadro de uma visita de quatro dias, que o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, realiza à ilha de Santo Antão, a mais a norte do arquipélago cabo-verdiano.
Em conferência de imprensa, a ministra da Presidência do Conselho de Ministros, Janine Lélis, revelou que durante a reunião, em que foram convidados os presidentes das três câmaras municipais, ficou decidido a apresentação ainda este mês do plano diretor do aeroporto internacional da ilha.
De acordo com a porta-voz do Governo, o documento vai conter detalhes sobre a localização, dimensionamento e os custos desta infraestrutura, cujos estudos que confirmaram a viabilidade foram apresentados há dois anos.
Segundo a governante, só depois desta segunda etapa é que se poderá fazer uma avaliação e continuar à procura de financiamento para este que será o quinto aeroporto internacional de Cabo Verde, com uma pista de 2.000 metros.
Santo Antão liga neste momento de barco e apenas com a ilha vizinha de São Vicente, depois da desativação em 2007 do aeródromo Agostinho Neto, localizado em Ponta do Sol, concelho da Ribeira Grande.
Durante a reunião, abordou-se ainda a questão do porto marítimo do Porto Novo, considerado também como sendo outra "infraestrutura essencial" para o desenvolvimento da ilha, sendo que as perspetivas apontam para um alargamento, e com outras componentes.
"A boa nova é que o Governo já tem a garantia de financiamento para o alargamento deste porto e que vai ser determinante neste processo de desenvolvimento", disse a porta-voz do Conselho de Ministros cabo-verdiano.
Ainda durante a reunião, ficou decidida para breve a realização de um contrato de concessão para a retoma da extração da pozolana, uma rocha de origem vulcânica que se adiciona e reforça o cimento, cuja fábrica no Porto Novo fechou as portas há oito anos por problemas de gestão.
Outra indústria abordada pelos governantes e pelos autarcas foi a produção do grogue (aguardente de cana-de-açúcar), considerado como tendo um "papel muito importante" no desenvolvimento da ilha.
A nova lei do grogue foi implementada em 2018 e, segundo a ministra, desde essa altura aumentou-se de 6% para mais de 75% as unidades produtivas que cumprem com mais de 50% dos requisitos legais.
"Agora vai-se fazer uma aposta forte, no sentido de se fazer a valorização do grogue, de promover a sua empresarialização, para depois efetivarmos a certificação. O que se quer é trazer mais competitividade a um produto que é distinto e que é conhecido, para que se possa agregar valor que para que se possa explorar da melhor forma a vantagem competitiva que nós podemos ter nesta matéria", frisou.
No que diz respeito ao turismo, foi apresentado um plano para a valorização das três aldeias rurais de Santo Antão, o que vai implicar uma requalificação urbana na ordem dos 40 milhões de escudos (cerca de 362 mil euros) para cada uma delas, ainda de acordo com a ministra.
"Sempre numa perspetiva de fazer uma valorização do espaço como um atrativo importante para o turismo", salientou Lélis, dando conta ainda de um "investimento muito relevante" para reabilitação de cerca de 300 quilómetros de trilhas para o ecoturismo.
Relativamente à água, a ministra avançou que o Governo vai manter os seus esforços para a sua mobilização e para a distribuição, dentro do projeto Águas e Saneamento, em que vai ser criada a empresa Águas de Santo Antão, cujos acionistas serão os três municípios e uma empresa privada.
Da agenda do primeiro-ministro em Santo Antão, foi realizada na quarta-feira uma conferência sobre a ilha e nos próximos dois dias haverá um conjunto de visitas e inaugurações de projetos e obras do Governo nos três concelhos: Porto Novo, Ribeira Grande e Paul.
Santo Antão, uma das nove ilhas habitadas de Cabo Verde, é a segunda maior em superfície, com uma área de 779 quilómetros quadrados e cerca de 47 mil habitantes, sendo a terceira em número de população.
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