O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky alertou, esta terça-feira, que as tropas russas terão um "caminho aberto" para capturar cidades-chave no leste da Ucrânia se assumirem o controle de Bakhmut. Nesse sentido, instruiu o exército a encontrar forças para reforçar a defesa da cidade.
Numa entrevista à CNN Internacional em Kyiv, Zelensky esclareceu que a sua decisão de manter as forças ucranianas na cidade sitiada é "tática" e "é por isso que os nossos soldados permanecem firmes".
"Sabemos que depois de Bakhmut [russos] podem ir mais longe. Podem ir para Kramatorsk, podem ir para Sloviansk, seria um caminho aberto para os russos para outras cidades na Ucrânia na direção de Donetsk", afirmou o presidente ucraniano.
A batalha por Bakhmut, que ainda está sob o controle de Kyiv, dura há sete meses, com milhares de pessoas mortas e centenas de prédios destruídos. Os poucos civis restantes estão confinados em porões há meses, sem água corrente, eletricidade ou gás.
De acordo com Zelensky, as suas motivações para manter a cidade são "muito diferentes" dos objetivos da Rússia: "Entendemos o que a Rússia quer alcançar lá. A Rússia precisa de pelo menos uma vitória mesmo arruinando tudo em Bakhmut e matando todos os civis".
Caso a Rússia consiga "colocar a sua bandeirinha" em Bakhmut, isso ajudaria a "mobilizar a sua sociedade para criar a ideia de que eles são um exército poderoso", elaborou, reforçando que a Ucrânia tem de "pensar primeiro no povo e ninguém deve ser cercado". "Isso é muito importante", rematou.
Recorde-se que os combatentes do grupo Wagner estão na linha da frente da batalha por Bakhmut, uma cidade no leste da Ucrânia que a Rússia está a tentar conquistar há vários meses e que se tornou num símbolo da luta pelo controlo da região industrial do Donbass, formada pelas autoproclamadas repúblicas independentes de Lugansk e de Donetsk.
Apesar das fortes tensões entre o grupo Wagner e o exército, as forças russas fizeram, nos últimos dias, progressos na zona de Bakhmut e ameaçam agora cercar a cidade que os ucranianos continuam a defender ferozmente.
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