Ucrânia. "Portugal está a desempenhar um papel incrível na NATO"
A correspondente no Pentágono da Fox News, Jennifer Griffin, alerta que os autocratas de todo o mundo estão a observar se o Ocidente se aborrece ou se a NATO se desmorona com a guerra da Ucrânia.
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Mundo Guerra na Ucrânia
A jornalista, que está em Portugal, a convite da embaixadora dos Estados Unidos, Randi Charno Levine, no âmbito da comemoração da 'Women´s History Month', fala, em entrevista à Lusa, da invasão da Ucrânia pela Rússia, a visita do Presidente norte-americano, Joe Biden, a Kyiv, e os olhos dos autocratas sobre os desenvolvimentos neste âmbito.
"Não podemos concentrar-nos apenas no combate ao terrorismo", diz, apesar de destacar a importância dos jornalistas continuarem a relatar o que se passa nos países que são alvo ou estão sob o controlo de movimentos terroristas como o Estado Islâmico (ISIS) e Al-Quaida.
"Há uma guerra na Europa neste momento e eu sei que Portugal está a desempenhar um papel incrível na NATO", sublinha, aludindo aos tanques Leopard 02 A6 que Portugal disponibilizou à Ucrânia, referindo que "o Pentágono está muito grato pela liderança de Portugal em termos de também acolher um grande número de refugiados ucranianos".
Para a jornalista, que lida diariamente com o Pentágono, este "é realmente um momento em que a NATO está a provar ser uma aliança incrível", o que mostra que todos aqueles que entoavam a sua sentença de morte estavam "errados".
Neste momento, refere a antiga correspondente da Fox News em Moscovo, a Rússia está a ficar sem militares qualificados no terreno e as armas estão a esgotar-se.
Por isso, "espero que o Ocidente não perca a espinha dorsal nos próximos meses", diz, apontado que é preciso não esquecer que todos presumiram que o Presidente russo, Vladimir Putin, e os seus militares poderiam tomar Kiev em 10 dias.
E "não fizeram", remata.
Muitas vezes, "as nossas estimativas sobre o que os militares russos são capazes de fazer estão erradas", relembra.
Por isso, "temos de entrar nos próximos seis meses com um pouco de humildade e reconhecer o fator que não tivemos em conta, que o Ocidente não teve isso em conta, os EUA, os militares dos EUA e os governos ocidentais não consideraram (...) esse fator intangível do lutador ucraniano, o espírito e a vontade de defender o seu país", prossegue Jessica Griffin.
Isso foi "subestimado no início" e agora, a pior coisa que poderia acontecer, considera, era se a NATO começasse a fragmentar-se e as pessoas começassem a pensar nesta guerra em termos de dólares ou de euros, ou seja, apenas numa questão de custos.
Esta "é uma luta pela existência da Europa", sublinha a jornalista veterana, com uma longa experiência na cobertura de conflitos em todo o mundo, nomeadamente no Médio Oriente.
Trata-se de uma luta "pelo Estado de direito", algo que nunca tinha sido ameaçado desta forma desde a II Guerra Mundial, insiste a jornalista.
"Eu, como jornalista que cobriu guerras e que viveu em Moscovo durante anos e que viu a trajetória de que Putin é capaz [considero] que este não é um momento para perder a paciência, (...) para se cansar" porque "o povo ucraniano não está cansado, os combatentes ucranianos na linha da frente não estão cansados".
Por isso, o Ocidente tem de "se manter forte e unido nos próximos seis meses" ou mais tempo, defende.
Sobre a visita de Biden aos Estados Unidos, Jennifer Griffin diz que aconteceu "no momento certo", quando se assinalou um ano de invasão da Ucrânia pela Rússia.
"Acho que foi uma mensagem forte para o povo ucraniano (...), não vamos esquecer que não é uma viagem fácil, nenhum Presidente americano entrou numa zona de guerra desta forma", enfatiza a jornalista norte-americana.
Uma viagem de comboio de 10 horas em cada sentido, sem militares norte-americanos a protegê-lo, como é costume, que se traduz num "momento simbólico incrível".
Isto apesar de outros líderes mundiais terem ido a Kiev muito antes. Mas aqui Biden faz História ao estar ao lado de Volodymyr Zelensky, "um Presidente cujo país está em guerra".
Um conflito que todos querem ver terminado, mas que só acabará "nos termos que os ucranianos querem". E se Putin ganhar, "ele irá mais longe", antevê Jennifer Griffin.
Basta perguntar "aos países que já tiveram tanques russos a passar pelas suas capitais", aponta.
Claro que "é muito mais difícil para países como o meu e o seu, que estão um pouco mais longe, onde não estamos tão ameaçados por esses tanques russos", prossegue, recordando que para os países fronteiriços da Rússia - desde os Bálticos e Finlândia, para citar alguns - "eles sabem do que Putin é capaz".
Além disso,"não se esqueça que o Presidente Xi [Jinping] e a China e outros autocratas ao redor do mundo estão a observar, querem ver ou se o Ocidente se aborrece ou se a NATO se desmorona", adverte.
"Qualquer pessoa que esteja preocupada com a China, com a ascensão da China, a ameaça que a China representa para Taiwan e o que isso fará à economia internacional precisa de perceber que não é entre a Ucrânia e Taiwan", diz.
Eles "estão integralmente ligados porque o Presidente Xi está a observar o que acontece", remata.
Jennifer Griffin entrou na Fox News Channel (FNC) em outubro de 1999 como correspondente em Jerusalém, sendo que antes disso foi correspondente em Moscovo, onde relatou o que se passava para a Fox News durante três.
Desde 2007, Griffin noticia diariamente do Pentágono, onde questiona líderes militares seniores, viaja para zonas de guerra com secretários de Defesa, relatando todos os aspetos militares e as atuais guerras contra os movimentos terroristas ISIS e Al-Qaida
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