A campanha, que deveria ter lugar ainda em 2022, será a terceira a ser lançada pelo Ministério da Saúde guineense desde que a pandemia da covid-19 foi oficialmente declarada na Guiné-Bissau, em março de 2020.
De acordo com Dionísio Cumbà, com as duas campanhas já realizadas ainda em 2022, foram vacinadas completamente 52% da população alvo, pessoas com mais de 18 anos.
"O objetivo aqui é a continuidade para podermos atingir o mais alto nível de imunização da nossa população", declarou o ministro da Saúde, em declarações à Lusa à margem da abertura da campanha que deverá decorrer até dia 29 deste mês.
O Governo teve dificuldades para retomar a campanha de vacinação contra a covid-19 ainda em 2022, devido à falta de pagamento de técnicos que trabalharam nas duas operações, uma situação ultrapassada com a intervenção do Banco Mundial, assinalou o governante guineense.
Dionísio Cumbà sublinhou que após a campanha hoje iniciada, a vacinação contra o novo coronavírus na Guiné-Bissau passará a ser ato rotineiro "como acontece com outras vacinas".
O ministro da Saúde apelou aos guineenses que professam a religião islâmica, que devem iniciar o período de jejum a partir do dia 23 de março, no sentido de se apresentarem aos postos de vacinação, frisando que a imunização não coloca em causa os preceitos religiosos.
Na Guiné-Bissau é comum escutar argumentos de pessoas que se recusam a receber medicamentos ou vacinas quando estão a observar o jejum religioso.
Dionísio Cumbà disse ter discutido com o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, de confissão muçulmana, o facto de a campanha de vacinação contra a covid-19 coincidir com o período do Ramadão.
Durante aquele período, que este ano decorre entre 23 de março a 23 de abril, os muçulmanos não podem ingerir alimentos, líquidos, fumar ou manter relações sexuais do nascer ao pôr-do-sol e muitos acreditam que é proibido igualmente receber vacinas.
"Discuti isso com o Presidente da República e pedi a sua intervenção no sentido de sensibilizar também a comunidade muçulmana para dizer que a vacinação não tem nada a ver com o jejum, que a pessoa que está (a observar) o jejum pode vacinar-se sem nenhum problema, não há nenhuma contraindicação", destacou o ministro da Saúde guineense.
Um líder religioso, o imame Siradjo Bari, que esteve em representação da comunidade muçulmana assistiu ao lançamento da campanha no largo da Câmara Municipal, de Bissau, diante do Ministério da Saúde Pública, em Bissau, e apelou para que as pessoas da sua religião aceitem receber as vacinas por "não constituírem qualquer perigo para a saúde", disse.
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