A Eslováquia é o segundo país da NATO a decidir entregar aviões de combate à Ucrânia, depois de a Polónia ter anunciado na quinta-feira que iria enviar quatro caças.
"Entregaremos 13 dos nossos MiG-29 à Ucrânia", disse Heger numa conferência de imprensa em Bratislava, citado pela agência francesa AFP.
O chefe do Governo anunciou ainda que a Eslováquia também entregará à Ucrânia o sistema de defesa antiaérea Kub, igualmente de origem soviética.
Heger considerou que a decisão aprovada hoje significa que o seu Governo está "no lado certo da História".
Anteriormente, tinha afirmado na rede social Twitter que a ajuda militar era fundamental para que a Ucrânia e toda a Europa se pudessem defender da Rússia, segundo a agência norte-americana AP.
O ministro da Defesa eslovaco, Jaroslav Nad, disse que Bratislava receberá 200 milhões de euros da União Europeia (UE) como compensação pelo envio dos MiG e armas não especificadas dos Estados Unidos no valor de 700 milhões de euros, acrescentou a AP.
Nad disse ainda que o transporte dos aviões para a Ucrânia "levará algumas semanas".
O anúncio de Bratislava teve resposta quase imediata do Kremlin (presidência russa), cujo porta-voz, Dmitri Peskov, acusou os países da NATO de "crescente envolvimento" no conflito com Kiev.
"A entrega deste equipamento militar, como temos dito repetidamente, não pode afetar o resultado" do conflito, disse Peskov.
"É claro que este equipamento será destruído", acrescentou, citado pela AFP.
Na quinta-feira, Varsóvia anunciou a entrega de um primeiro lote de quatro aviões de combate MiG-29 à Ucrânia.
"Nos próximos dias, iremos transferir (...) quatro aviões totalmente operacionais para a Ucrânia", disse então o Presidente polaco, Andrzej Duda.
Depois de ter convencido os seus aliados ocidentais a fornecer-lhe tanques, Kiev tem pedido repetidamente o envio de aviões de combate modernos, na esperança de obter F-16 norte-americanos.
Numa reação ao anúncio da Polónia na quinta-feira, o porta-voz da força aérea ucraniana, Yuriy Ignat, disse que os MiG da era soviética "não vão resolver os problemas" e insistiu que o país precisa dos F-16.
"Mas os MiG vão ajudar a reforçar as nossas capacidades", admitiu, citado pela AFP.
O porta-voz da Casa Branca (presidência dos Estados Unidos), John Kirby, disse na quinta-feira que a decisão polaca não altera a decisão do Presidente Joe Biden de recusar o envio dos F-16.
"Não altera a nossa análise. (...) Não está em cima da mesa", disse Kirby aos jornalistas, recordando que Biden se tinha oposto publicamente à entrega de aviões de combate à Ucrânia.
A Eslováquia imobilizou os seus MiG no verão devido à falta de peças sobressalentes e de conhecimentos para garantir a sua manutenção após o regresso dos técnicos russos a casa.
A Polónia e a República Checa têm vigiado, desde então, o espaço aéreo eslovaco.
Bratislava assinou um acordo para comprar 14 aviões de caça F-16, mas a entrega foi adiada dois anos para o início de 2024.
A força aérea da Ucrânia continua a utilizar os MiG-29, que foram desenvolvidos na década de 1970 e entraram ao serviço em 1982.
Na altura, a Ucrânia integrava a União Soviética, tal como Polónia e Eslováquia (a então Checoslováquia, de cuja divisão resultou a atual República Checa).
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, desencadeando uma guerra que mergulhou a Europa na crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
[Notícia atualizada às 11h46]
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