De acordo com notícias de hoje na imprensa local, fontes do partido de Sonko, Patriotas do Senegal para o Trabalho, Ética e Fraternidade (PASTEF), avançaram o número de 51 feridos, dois deles com ferimentos de balas e dez de armas brancas.
"Ao escrever estas palavras, estou a pensar nos 180 senegaleses detidos hoje pelo ditador Macky Sall", escreveu na quinta-feira o ativista e membro da principal coligação da oposição Yewwi Askan Wi (Libertem o Povo), Guy Marius Sagna, na sua conta do Facebook, referindo-se ao chefe de Estado senegalês.
Os motins tiveram lugar na quinta-feira em vários bairros de Dacar e outras cidades do país.
De acordo com a empresa de transportes públicos Dakar Dem Dikk, três dos seus autocarros foram queimados e quatro foram vandalizados.
Além disso, dois supermercados pertencentes à empresa francesa Auchan foram incendiados, um em Dacar e o outro na cidade de Thiès (a cerca de 70 quilómetros da capital), fazendo lembrar as violentas manifestações de março de 2021, que resultaram em 13 mortes, e que se seguiram à prisão de Sonko quando este se dirigia ao tribunal acompanhado por dezenas de apoiantes para assistir a uma audiência sobre um caso de alegada violação.
Desde quinta-feira que a oposição senegalesa e os ativistas têm estado preocupados com a saúde de Sonko, após as forças de segurança o terem agredido e lançado gás sobre ele, a caminho do tribunal para o seu julgamento, que foi adiado para 30 de março.
O líder da oposição deveria aparecer após ter sido acusado de difamação pelo ministro do Turismo senegalês, Mame Mbaye Niang, depois de o ter acusado em novembro passado do desvio de cerca de 44 milhões de euros.
"Desde que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) me deixaram em minha casa, tenho sofrido tonturas terríveis, dores no meu abdómen inferior e dificuldades respiratórias", escreveu Sonko nos meios de comunicação social, no final da quinta-feira.
Sonko acusou o Presidente senegalês, Macky Sall, de "realizar abertamente a enésima tentativa de assassinato" contra ele, depois de a polícia ter bloqueado a ambulância que o iria assistir durante mais de uma hora, mas ele acabou por passar a noite numa clínica.
Segundo Ousseynou Fall, um dos advogados de Sonko, o líder da oposição foi "literalmente espancado pelas forças da lei e da ordem" e teve de ser assistido por um médico numa sala de audiências.
O partido de Sonko disse numa declaração divulgada quinta-feira à noite que o estado de saúde de Sonko era "muito preocupante", depois de a polícia o ter pulverizado "com uma substância" de natureza desconhecida.
Numa declaração publicada hoje na imprensa local, o coordenador do movimento de cidadãos senegaleses Y'en a marre, Aliou Sané, disse: "A sua condição é alarmante, mas ele permanece de pé e digno".
A oposição tem sido mobilizada desde terça-feira, quando Sonko realizou um comício num bairro popular de Dakar, no qual participaram centenas de apoiantes e este os convidou a comparecer no tribunal na quinta-feira.
As tensões políticas estão a aumentar no Senegal devido ao caso judicial sobre Sonko, que é acusado desde 2021 de alegadamente ter violado uma jovem massagista, Adji Sarr, e ao recente julgamento por difamação.
O líder da oposição denunciou a "instrumentalização" da justiça pelo "poder de Macky Sall", a fim de o excluir como candidato às eleições presidenciais de fevereiro de 2024.
Contribuindo para a tensão está o facto de Sall, Presidente desde 2012 e reeleito em 2019, ainda não ter feito uma declaração sobre se vai procurar um terceiro mandato, algo que a Constituição impede.
Conhecido pelo seu discurso "antissistema", Sonko critica a má governação, a corrupção e o neocolonialismo francês, encontrando muitos seguidores entre a juventude senegalesa.
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