Em comunicado, o Programa Alimentar Mundial (PAM) afirmou que "o carregamento é o primeiro para os programas de assistência alimentar" daquela agência da ONU no Quénia desde a assinatura da Iniciativa de Grãos do Mar Negro, em julho de 2022, que abriu um corredor marítimo humanitário permitindo a exportação de produtos alimentares da Ucrânia.
O navio chegou na segunda-feira ao largo da costa queniana através do porto de Mombaça, onde o PAM recebe anualmente cerca de 200.000 toneladas de alimentos para distribuir por nove países da região.
O envio foi possível graças a contribuições financeiras de países como a Bélgica, República Checa, Itália, Países Baixos, Noruega, Eslovénia, Suíça e Reino Unido.
Na cerimónia de chegada do carregamento esteve presente o vice-presidente queniano, Rigathi Gachagua, que também acompanhou a entrega de mais de 16.000 toneladas de sorgo doadas pelos Estados Unidos.
"A insegurança alimentar e a subnutrição aguda estão a aumentar após uma quinta estação chuvosa consecutiva falhada que está a afetar tanto o Quénia como a região [do Corno de África]", recordou Lauren Landis, diretora nacional do PAM para o Quénia.
"Ao mesmo tempo que o número de quenianos afetados pela seca em curso continua a aumentar, estamos também a ver mais refugiados a fugir tanto das más chuvas como dos conflitos que chegam aos centros de acolhimento quenianos, todos a precisar de assistência urgente", acrescentou Landis.
Muitas partes do Quénia e de outros países do Corno de África estão a enfrentar os efeitos da pior seca dos últimos 40 anos, em que cerca de 4,4 milhões de quenianos não têm suficiente para comer, segundo o PAM.
Este número poderá aumentar ainda mais, para 5,4 milhões de pessoas, até junho, um aumento de 43% em relação ao ano anterior.
O impacto da falta de chuva está também a ser sentido na Etiópia, onde 11 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar, e na Somália, onde até 43.000 pessoas podem ter morrido de seca no ano passado, segundo um estudo divulgado na segunda-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O chamado acordo de cereais corresponde na realidade a dois pactos no contexto da invasão da Ucrânia pela Rússia: um assinado pela Rússia, Ucrânia, Turquia e ONU para proporcionar uma saída para os cereais ucranianos através do Mar Negro, e outro selado por Moscovo e pela ONU para tentar facilitar as vendas de alimentos e fertilizantes russos.
A Rússia anunciou uma extensão do pacto no sábado, mas apenas por 60 dias.
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