Ucrânia, EUA e economia entre pontos-chave do encontro entre Xi e Putin

A Ucrânia, o 'combate' à influência dos EUA ou a cooperação económica estão entre os principais momentos da importante e significativa visita à Rússia do Presidente chinês, Xi Jinping, para discussões com o seu homólogo russo, Vladimir Putin.

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© PAVEL BYRKIN/SPUTNIK/AFP via Getty Images

Lusa
21/03/2023 23:57 ‧ 21/03/2023 por Lusa

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Rússia

Antes de brindarem "à prosperidade e bem-estar dos povos da Rússia e da China", Vladimir Putin e Xi Jinping proferiram hoje declarações no final das discussões no Kremlin destinadas ao "desenvolvimento das relações russo-chinesas" e à "cooperação nesta nova era".

Entre os momentos-chave da visita de Estado do líder da China à Rússia, está a Ucrânia e o plano chinês para resolver o conflito, divulgado já em fevereiro e que desafia à retoma das negociações de paz.

"Acreditamos que muitos pontos do plano de paz proposto pela China (...) podem servir de base para uma solução pacífica [do conflito]", sublinhou Vladimir Putin em relação a este tema.

No entanto, o chefe de Estado russo apontou que não vê "vontade" de Kyiv e do Ocidente para encontrar uma saída com base no plano chinês.

Xi Jinping, que quer impor-se como mediador, transmitiu a Putin que Pequim procura um "acordo pacífico", sem no entanto revelar qualquer caminho concreto a seguir nas negociações.

Os dois líderes, que se apresentam como contrapeso à influência norte-americana, acusam Washington de "minar" a segurança internacional para manter a sua "vantagem militar".

Numa declaração conjunta assinada após as negociações, Xi e Putin afirmaram, a título de exemplo, que os Estados Unidos procuram implantar "defesas antimísseis" em regiões do mundo e mísseis de "médio e curto alcance" na Ásia-Pacífico e na Europa.

Nesta declaração, os governantes disseram estar "muito preocupados" com "o crescente fortalecimento dos laços entre a NATO e os países" da Ásia-Pacífico.

Os Exércitos russo e chinês vão realizar "regularmente patrulhas conjuntas no mar, no ar" e "exercícios conjuntos" com o objetivo de "aprofundar a confiança mútua", sublinharam ainda.

No plano económico, o líder russo e chinês concordaram em iniciar a construção do gigantesco gasoduto Siberian Force 2, que ligará os campos de gás siberianos via Mongólia ao noroeste da China.

Putin sublinhou que "50 biliões de metros cúbicos de gás" passarão por este gasoduto de 2.600 quilómetros, sendo que este projeto é um símbolo do destaque económico para a Ásia pretendido por Moscovo, após as sanções internacionais que levaram ao encerramento dos atrativos mercados ocidentais.

O Presidente russo, porém, não apresentou um cronograma para a construção do gasoduto, que deve completar um tubo já existente, o Siberian Force.

A gigante russa Gazprom também anunciou hoje que bateu o seu recorde de entregas diárias para a China, via Siberian Force, esta segunda-feira.

"A cooperação comercial e económica é uma prioridade nas relações Rússia-China", frisou, de resto, Putin.

O chefe de Estado russo assegurou que Moscovo pode aumentar as suas entregas de petróleo e produtos agrícolas para a China.

Também frisou que está "pronto para criar um corpo de trabalho conjunto" para desenvolver a "Rota do Mar do Norte" no Ártico, mais fácil de navegar devido ao derretimento do gelo e graças à qual Moscovo espera aumentar as suas exportações de hidrocarbonetos.

Putin também manifestou estar a favor do "uso do yuan [moeda chinesa] em acordos entre a Rússia e os países da Ásia, África e América Latina", outro meio de acelerar a 'desdolarização' da sua economia.

No entanto, especialistas apontam que Pequim pode estar menos entusiasmado com a expansão ilimitada das suas relações económicas com Moscovo, devido aos receios de ser alvo de sanções ocidentais.

A presidência russa não poupou em recursos para receber o líder chinês Xi Jinping na sua visita de três dias.

Ainda na segunda-feira, Putin ofereceu a Xi um jantar privado de sete pratos, e que durou quatro horas e meia, antes do jantar de Estado de hoje, no antigo palácio imperial, que serviu para conversações que envolveram altos funcionários de ambos os países.

Hoje, numa cerimónia fortemente coreografada e cheia de grandeza imperial, os dois líderes entraram na enorme sala com lustres e apertaram as mãos, ao som dos hinos nacionais russo e chinês.

Leia Também: Xi abordou com Putin plano de paz que defende "respeito pela soberania"

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