Embaló quer fim de casamento de crianças do sexo feminino

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló afirmou hoje que doravante nenhuma criança do sexo feminino deve ser dada em casamento e avisou que quem o fizer será responsabilizado pelo Estado.

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Lusa
24/03/2023 19:29 ‧ 24/03/2023 por Lusa

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Guiné-Bissau

Sissoco Embaló falava para um conjunto de fiéis muçulmanos que rezaram com o chefe de Estado na Presidência da República, naquela que foi a primeira reza de sexta-feira do mês muçulmano de Ramadão.

Após esclarecer a sua ordem de proibir a mendicidade de crianças no país, o Presidente abordou a questão do casamento de crianças do sexo feminino que tem sido uma prática em várias comunidades islâmicas da Guiné-Bissau.

"Não aceitem o casamento de ninguém. Quem vos der em casamento não aceitem, podem vir falar com o Presidente", disse Umaro Sissoco Embaló ao dirigir-se a um grupo de crianças do sexo feminino que rezaram pela primeira vez no quintal do Palácio da República, em Bissau.

Após perguntar pessoalmente a cada uma das crianças o seu nome, idade e se anda na escola oficial, Umaro Sissoco Embaló convidou-as a negarem qualquer intenção de casamento.

"Quem vos falar em casamento digam-lhe que não querem porque querem ir para a escola", afirmou Embaló.

Sendo mais claro nas suas palavras, o Presidente guineense disse que a partir de agora "acabou essa coisa do casamento de crianças com 14, 15, 17 ou 20 anos".

"As crianças têm de ir para a escola. Na Guiné-Bissau a escola oficial é em português, mas não impedimos ninguém de mandar a sua criança para a escola corânica", observou Sissoco Embalo, que quer ver as crianças a formarem-se como médicas, engenheiras ou advogadas.

"Olhem-me para estas crianças, bonitas como são, e alguém pensa em dá-las em casamento. Não podemos continuar a aceitar isso", referiu o Presidente guineense.

Quanto à questão dos talibés, crianças em processo de aprendizagem do Corão, mas que acabam na mendicidade nas ruas de Bissau ou de Dacar, no Senegal, Umaro Sissoco Embaló voltou a assinalar que o fenómeno "tem de acabar" na Guiné-Bissau.

O Presidente guineense avisou que o mestre corânico que mandar qualquer criança para mendigar nas ruas de Bissau "vai ter problemas com o Estado" e que a ordem que deu ao ministro do Interior "é mesmo para cumprir".

Sobre as reações de alguns líderes religiosos que se manifestaram contra a sua ordem, Umaro Sissoco Embaló afirmou que aqueles não estão a respeitar a religião islâmica, que preconiza o respeito pela vida humana.

Por ser de confissão islâmica, Embaló disse ter autoridade moral para abordar e determinar o fim de fenómenos como casamento ou a mendicidade de crianças no país.

"Se fosse outro Presidente a tomar estas medidas podiam dizer o que o fez porque não é muçulmano", observou Umaro Sissoco Embaló.

Leia Também: ONU apoia ciclo eleitoral da Guiné-Bissau com 5,3 milhões

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