O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, conversou ao telefone, este sábado, com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, tendo-lhe agradecido pela sua "atitude positiva" ao concordar estender o acordo para exportação de cereais através do Mar Negro. A informação foi avançada pela presidência turca.
"Durante a conversa, foram discutidos passos para melhorar as relações entre a Turquia e a Rússia e os desenvolvimentos em torno da guerra", começou por informar o gabinete de Erdogan, citado pela imprensa internacional.
"O presidente Erdogan agradeceu ao presidente russo Putin pela sua atitude positiva em relação à extensão da iniciativa de grãos do Mar Negro", acrescentou.
Posteriormente, também o Kremlin confirmou, em comunicado, a conversa, referindo que Erdogan mostrou compreender a decisão do seu homólogo russo de prolongar o acordo por apenas sessenta dias.
"O líder turco elogiou a prontidão da Rússia em estender os acordos de Istambul em relação à exportação de grãos ucranianos dos portos do Mar Negro e desbloquear as exportações russas de alimentos e fertilizantes", informou, segundo cita a TASS.
Os dois líderes discutiram também a cooperação económica bilateral, projetos estratégicos como a construção pela Rússia da central nuclear de Akkuyu, e a necessidade de normalizar as relações entre a Turquia e a Síria através da mediação russa.
Erdogan também agradeceu a Putin a assistência de Moscovo após o terramoto que atingiu o país no início de fevereiro, causando mais de 50.000 mortos, tendo os presidentes acordado a possibilidade de a Rússia fornecer materiais de construção à Turquia para a reconstrução de infraestruturas e habitações danificadas pelo sismo.
Erdogan anunciou há uma semana a prorrogação do acordo de exportação de cereais, que deveria expirar no passado dia 18, sem que tenha especificado novo prazo.
A Ucrânia alegou que o acordo tinha sido prorrogado por 120 dias, mas Moscovo manteve-se firme nos 60 dias, numa espécie de período experimental para ver se as restrições às exportações russas seriam levantadas.
Esta semana Putin disse que a Rússia enviaria alimentos gratuitos a países africanos carenciados caso tivesse de suspender o acordo sobre os cereais dentro de dois meses, condicionando a continuação do acordo ao cumprimento de compromissos com a Rússia.
"Insisto que só se a nossa posição for tida em conta será garantida a execução justa e abrangente do acordo de cereais, e nessa base decidiremos se continuaremos a participar", sublinhou Putin.
Entre outros requisitos, Moscovo exige a ligação do banco russo Rosselkhozbank ao sistema Swift de troca de informações financeiras, e o restabelecimento do fornecimento de maquinaria agrícola e peças sobressalentes.
A parte russa salienta ainda que o pacto inclui o levantamento das restrições de seguros, a abertura do acesso aos portos aos navios russos, a restauração do amonioduto Togliatti-Odesa, bem como o desbloqueio dos ativos das empresas russas de agricultura e fertilizantes.
[Notícia atualizada às 16h05]
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