Exército de Myanmar vai manter repressão contra oposição

O líder da junta militar no poder em Myanmar, general Min Aung Hlaing, avisou hoje que vai manter a repressão contra a oposição e que as eleições só se realizarão quando houver paz.

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Lusa
27/03/2023 11:50 ‧ 27/03/2023 por Lusa

Mundo

Myanmar

A antiga Birmânia tem estado mergulhada no caos desde que os militares derrubaram o governo eleito de Aung San Suu Kyi, em 01 de fevereiro de 2021, alegando fraudes eleitorais.

Cerca de dois meses depois, a oposição formou um Governo de Unidade Nacional (NUG, no exílio), que coordena dezenas de Forças de Defesa Popular (PDF) criadas para combater os militares.

Ao discursar perante cerca de oito mil milites no desfile anual do dia das forças armadas em Naypyidaw, no centro-sul do país, Min Aung Hlaing disse que o exército tomará "medidas decisivas" contra os seus adversários.

"Os atos de terror do NUG e dos seus lacaios, as chamadas PDF, devem ser combatidos para sempre", disse o chefe militar, citado pela agência francesa AFP.

"Eleições livres e justas" serão realizadas no final do estado de emergência, referiu.

Em fevereiro, a junta militar prolongou o estado de emergência por seis meses, e adiou as eleições inicialmente prometidas para antes de agosto, por não controlar partes do país em que têm ocorrido combates com os PDF.

"A serenidade e a estabilidade são vitais" para a realização das eleições, disse Min Aung Hlaing.

Myanmar tem sido alvo de sanções internacionais desde o golpe militar, que isolaram ainda mais o país do Sudeste Asiático.

Diplomatas da Rússia e da China assistiram ao desfile militar, que incluiu a exibição de aviões de combate dos dois países que equipam as forças armadas de Myanmar, segundo a televisão britânica BBC.

Dois anos após o golpe, a situação em Myanmar é um "desastre em chamas", disse o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, no início de março, denunciando que os atos militares são impunes.

Os Estados Unidos anunciaram, na sexta-feira, novas sanções contra os fornecedores de combustível aos militares birmaneses.

Os esforços diplomáticos para encontrar uma saída pacífica para a crise, liderados pela Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), de que faz parte Myanmar, resultaram em poucos progressos em dois anos.

Sete dos 10 membros da ASEAN enviaram representantes ao desfile militar, de acordo com um porta-voz oficial birmanês, incluindo a Indonésia e a Malásia, dois dos países mais críticos da junta militar.

Partes do país têm sido devastadas pelos combates e a economia está em ruínas desde o golpe militar, que reacendeu combates com rebeldes étnicos.

Além de milhares de mortos, mais de um milhão de pessoas foram deslocadas pelos combates, de acordo com a ONU.

Em dezembro de 2022, a junta condenou Aung San Suu Kyi a 33 anos de prisão, num julgamento condenado por grupos de direitos condenados como uma farsa.

A líder da Liga Nacional para a Democracia, de 77 anos, e prémio Nobel da Paz em 1991, já tinha estado quase 15 anos em prisão domiciliária entre 1989 e 2010, durante a anterior ditadura militar.

Leia Também: Autoridades de Myanmar detêm cerca de 150 rohingya que tentavam fugir

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