O antigo presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, apontou, esta sexta-feira, que o eventual envio de 'soldados da paz' por parte dos aliados ocidentais à Ucrânia daria origem à "terceira guerra mundial, que é tão temida apenas em palavras", uma vez que tornaria estes militares "inimigos diretos" da Rússia, que "devem ser destruídos impiedosamente". Questionou, por isso, se a Europa estará "pronta para uma longa fila de caixões dos seus 'soldados da paz'", lançando que "são combatentes, não 'pacificadores'".
"Os países da Aliança Atlântica continuam a fazer os possíveis para encher o regime de Kyiv de armas, tanques e outros equipamentos militares. Enviam os seus instrutores assassinos e mercenários sangrentos diariamente. De todas as maneiras possíveis, apoiam, exaltam e beijam apaixonadamente os bastardos de Bandera [Stepan Bandera, político e líder da Organização dos Nacionalistas Ucranianos], dão-lhes vários prémios e medalhas. E agora, isso significa que supostamente os persuadirão a não lutar com a Rússia, e a 'atirar balas contra o chão'", começou por expor o responsável, numa longa publicação divulgada na rede social Telegram.
Em causa estão as declarações do primeiro-ministro turco, Viktor Orbán, que admitiu que a União Europeia (UE) está pronta para discutir o envio de "forças de paz" para a Ucrânia, uma vez que o continente europeu está "indiretamente em guerra com a Rússia".
Nessa linha, Medvedev acusou os membros da NATO de serem "criaturas descaradas" que tratam "todos os outros como completos idiotas", e, "sorrindo cinicamente, oferecem os seus serviços de 'manutenção da paz'".
Contudo, na ótica do antigo presidente russo, as intenções dos aliados ocidentais "são claras", considerando que estes pretendem "estabelecer uma paz favorável na linha de contacto a partir de uma posição de força".
"Levem as vossas tropas de ‘manutenção da paz’ para a Ucrânia com metralhadoras e tanques, alguns com capacetes azuis e estrelas amarelas. Como terminará, é evidente na história das operações realizadas pelos Estados Unidos e pelos seus aliados em várias regiões do mundo. As tragédias da Coreia, Vietname, Jugoslávia, Iraque, Afeganistão, muitos países africanos…", recordou, apontando que estes "pacificadores da NATO vão simplesmente entrar no conflito ao lado dos inimigos, [...] levando a situação a um ponto sem retorno".
"Desencadearão a própria terceira guerra mundial, que é tão temida apenas em palavras", disse, reiterando que estes soldados serão "inimigos diretos" da Rússia.
"Lobos em pele de cordeiro. Serão um alvo legítimo para as nossas Forças Armadas, se forem colocados na linha de frente sem o consentimento da Rússia com armas nas mãos e nos ameaçarem diretamente. E, então, esses 'pacificadores' devem ser destruídos impiedosamente. São soldados do inimigo. São combatentes, não 'pacificadores'. E morrerão durante as hostilidades. Resta apenas saber: Estará a Europa pronta para uma longa fila de caixões dos seus 'soldados da paz'?", rematou.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.401 civis desde o início da guerra e 14.023 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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