O governo afegão liderado pelos talibãs encerraram na quinta-feira uma rádio gerida unicamente por mulheres, alegando que o órgão transmitiu música durante o Ramadão, quando o estado proíbe a divulgação de temas musicais.
A rádio, intitulada Dari, era a única estação de rádio produzida por mulheres no país e funcionava há dez anos.
Citado pela Associated Press, o diretor para a cultura e informação da província de Badakhshan, Moezuddin Ahmadi, disse este sábado que a Dari violou "leis e regulamentos do emirado islâmico", por passar música.
Mas a rádio desmentiu as acusações do governo talibã, considerando que o encerramento forçado é baseado numa mentira e que o caso é mais um episódio de restrições aos direitos das mulheres no Afeganistão. Najia Sorosh, diretora da rádio, contou que, na quinta-feira de manhã, representantes do ministro da informação e cultura chegaram à emissora para a encerrar, não avançando com razões para a decisão.
As autoridades referiram, no entanto, que "se a rádio aceitar a política do Emirado Islâmico do Afeganistão e garantir que não irá repetir tal coisa, será permitido que opere novamente".
As mulheres no Afeganistão têm visto os seus direitos e liberdades cada vez mais oprimidas, após a tomada de Cabul pelos talibãs em agosto de 2021, quando as forças norte-americanas abandonaram o país. Desde então, o regime talibã - que não é reconhecido internacionalmente - voltou a implementar um código legal extremista, com as mulheres a ficarem impedidas de participar em praticamente todos os aspetos da vida pública e social
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