Moscovo "protestou veementemente contra as declarações publicadas pela embaixada nas redes sociais sobre" os crimes imputados ao exército russo, indicou o ministério russo num comunicado.
"É absolutamente inaceitável fazer acusações falsas sobre os nossos militares", disse a diplomacia russa, acusando França de "fornecer ativamente material militar e munições ao exército ucraniano e fazer todos os possíveis para prolongar as hostilidades".
Segundo Moscovo, as publicações em causa incidem nomeadamente sobre o massacre atribuído às forças russas em Bucha, cidade próxima de Kyiv, onde foram encontrados cadáveres de civis pelas ruas, empilhados, alguns carbonizados e outros amarrados, com sinais de terem sido executados, após a retirada do exército russo.
A Ucrânia assinalou no domingo o primeiro aniversário dessa descoberta macabra, que se tornou um símbolo das atrocidades imputadas às tropas russas na guerra iniciada há mais de um ano.
Moscovo nega qualquer envolvimento nessas mortes e afirmou várias vezes tratar-se de uma "encenação" de Kyiv.
O MNE russo disse hoje mais uma vez tratar-se de acusações "infundadas", garantindo não ter visto "provas" de crimes russos, nem uma "investigação objetiva" sobre os factos.
A Ucrânia estimou em mais de 1.400 o número de civis mortos no distrito de Bucha durante a ocupação russa, 37 dos quais crianças. Desses 1.400, 637 foram mortos na propria cidade.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 405.º dia, 8.451 civis mortos e 14.156 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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