"A Presidência palestiniana e o primeiro-ministro condenaram veementemente hoje o ataque da polícia israelita à Mesquita Al-Aqsa, na Cidade Velha de Jerusalém, e o ataque a fiéis muçulmanos, alertando para as terríveis consequências desta ação", declararam as autoridades palestinianas, citadas pela agência de notícias Wafa.
Nabil Abu Rudeina, porta-voz do Presidente palestiniano, Mahmud Abbas, alertou Israel "para não cruzar as linhas vermelhas dos locais sagrados" e descreveu os eventos de hoje como uma agressão brutal contra o povo palestiniano que "inflamará a região" e pode "causar uma grande explosão" de violência.
"Consideramos o Governo de ocupação [israelita] totalmente responsável por qualquer deterioração [da situação na região]. Deve-se agir com responsabilidade e parar com este absurdo, que terá consequências perigosas para todos", acrescentou o porta-voz, pedindo ao Governo dos Estados Unidos que "aja para acabar" com esta situação.
Essas declarações acontecem depois de a polícia israelita invadir a mesquita e entrar em confronto com grupos de palestinianos que se teriam entrincheirado no local com paus, pedras e fogo-de-artifício.
Os serviços de emergência do Crescente Vermelho Palestiniano indicaram que 12 palestinianos foram tratados de ferimentos sofridos durante os incidentes, três dos quais necessitaram de hospitalização.
De acordo com um porta-voz da polícia israelita, mais de 350 palestinianos foram detidos no local depois de os agentes agirem diante de "cânticos incitadores e violência dentro da mesquita" por "desordeiros mascarados que perturbavam a ordem".
"Depois de muitas e prolongadas tentativas de removê-los através do diálogo sem sucesso, as forças policiais foram forçadas a entrar no complexo para os retirar, com a intenção de permitir orações matinais e evitar tumultos violentos", acrescentou o porta-voz, referindo que dois dos seus polícias ficaram feridos nos confrontos.
Estes incidentes foram seguidos pelo disparo de pelo menos nove foguetes por milícias palestinianas da Faixa de Gaza, aos quais o Exército israelita respondeu com bombardeamentos contra posições do movimento islâmico Hamas.
Até ao momento não há registo de feridos durante a troca de tiros.
Os episódios de hoje acontecem durante o mês sagrado muçulmano do Ramadão e marcam uma escalada de tensão na região, naquele que é o início de ano mais violento em muito tempo, com aumento de ataques por parte de palestinianos e colonos judeus na Cisjordânia, além dos incessantes ataques israelitas nos territórios ocupados.
O número de mortos palestinianos em incidentes violentos com Israel na Cisjordânia ocupada este ano aumentou para 92 - uma média de mais de um por dia e o número mais alto para esse período desde os anos 2000.
Do lado israelita, 15 pessoas morreram, vítimas de ataques de palestinianos ou árabes-israelitas.
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