Em declarações à agência noticiosa France-Presse (AFP), Laurent Kennes, advogado de Panzeri, referiu que a Câmara do Conselho, órgão de controlo da detenção, deu 'luz verde' ao ex-eurodeputado italiano para deixar a prisão em Bruxelas, onde está detido desde 09 de dezembro de 2022, para seguir para o regime de prisão domiciliária, onde terá também de usar uma pulseira eletrónica.
"Vai demorar alguns dias", sublinhou o advogado.
Pier Antonio Panzeri, 67 anos, presidente da organização não-governamental (ONG) Fight Impunity, é encarado como uma das figuras centrais do 'Qatargate', escândalo que abalou as instituições europeias e que envolve alegados subornos do Qatar e de Marrocos a eurodeputados e assistentes de grupos do Parlamento Europeu para influenciar decisões em Bruxelas em benefício dos dois países.
A eurodeputada socialista grega Eva Kaili, demitida do seu cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu e afastada do grupo dos Socialistas & Democratas depois da divulgação do escândalo, foi também detida a 09 de dezembro.
O companheiro de Kaili, o italiano Francesco Giorgi, e ainda outro cidadão italiano, Niccolo Figa-Talamanca, diretor da ONG No Peace Without Justice, foram também presos no mesmo dia.
Várias centenas de milhares de euros em pequenos pacotes foram apreendidos durante as buscas efetuadas às casas dos quatro suspeitos, que foram, depois, indiciados por "pertença a organização criminosa", "branqueamento de capitais" e "corrupção".
Pier Antonio Panzeri, cuja mulher e filha foram também implicadas, concordou em cooperar com os tribunais sobre o 'modus operandi' do esquema de fraude, os acordos financeiros com Estados terceiros, a estrutura financeira criada, os beneficiários dessas estruturas e informações sobre o envolvimento de pessoas conhecidas ou ainda não conhecidas no processo.
Em troca da colaboração com as autoridades, Panzeri recebeu uma pena de prisão negociada, com parte em regime de pulseira eletrónica.
O antigo eurodeputado admitiu ter sido um dos dirigentes de uma organização criminosa "ligada ao Qatar e a Marrocos" e implicou outro parlamentar europeu, o belga Marc Tarabella, que também já foi detido.
Eva Kaili e Marc Tarabella permanecem em prisão preventiva. Francesco Giorgi foi colocado no regime de prisão domiciliária com pulseira eletrónica no final de fevereiro.
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