Em conferência de imprensa, o ministro da Justiça e Serviços Correcionais da África do Sul, Ronald Lamola, anunciou que o Governo foi notificado na quinta-feira da recusa dos Emirados Árabes Unidos em extraditar dois dos três irmãos empresários, Ajay, Atul e Rajesh Gupta que Pretória procura trazer à justiça desde 2021.
Os irmãos Rajesh e Atul enfrentam acusações de branqueamento de capitais, fraude e corrupção, segundo as autoridades sul-africanas.
Lamola disse que os Gupta compareceram perante o tribunal nos Emirados Árabes Unidos em 13 de fevereiro sem que a África do Sul fosse notificada.
"Recebemos uma versão em inglês da nota verbal, mas o sumário do julgamento estava em árabe. Recebemos às 20:00 e tivemos que trabalhar durante a noite para interpretar o resumo do julgamento. Essa é a vida que temos vivido com as autoridades nos Emirados Árabes Unidos", salientou.
O governante sul-africano adiantou que o pedido de extradição sul-africano foi recusado com base numa "questão técnica", sublinhando que "funcionários na UAE haviam confirmado que toda a documentação estava em ordem".
"Acreditamos que o tratado de extradição deve ser honrado", frisou Lamola.
O Governo sul-africano diz estar a aguardar por uma cópia do julgamento completo das autoridades da UAE sobre o pedido sul-africano para a extradição dos Gupta.
Por seu lado, a diretora nacional do Ministério Público, Shamila Batohi, adiantou que a referida "tecnicidade" está relacionada com o primeiro mandado de prisão emitido contra os irmãos Gupta.
"O mandado de prisão inicial não listava todas as acusações. Quando a extradição foi solicitada, novas acusações foram adicionadas para garantir que todas as acusações fossem incluídas", explicou Batohi.
"Assumir que o processo legal não foi seguido corretamente é absolutamente incorreto", referiu.
A negociação do acordo de extradição com os Emirados Árabes Unidos para a extradição dos Gupta foi anunciada por Pretória em junho de 2021, no seguimento da fuga do país dos três empresários de origem indiana depois da criação de uma comissão de inquérito, em 2018, sobre a corrupção pública no país durante os nove anos da presidência de Zuma.
O padrão de pilhagem e má gestão das empresas estatais sul-africanas que caracterizou a Presidência de Jacob Zuma, entre 2009 e 2018, atingiu um grau de corrupção tão elevado a que os sul-africanos chamam "captura do Estado".
Segundo a imprensa sul-africana, os controversos empresários foram vistos na Suíça no final de março apesar das garantias de Pretória de que estavam sob custódia policial nos Emirados Árabes Unidos, aguardando a execução do pedido de extradição para a África do Sul.
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