Taipé encara exercícios militares como "falta de responsabilidade"

A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, condenou hoje as últimas manobras militares do Exército Popular de Libertação da China no Estreito da Formosa afirmando que Pequim demonstra "falta de responsabilidade".

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Lusa
11/04/2023 09:20 ‧ 11/04/2023 por Lusa

Mundo

Taiwan

Os exercícios militares da República Popular da China que terminaram na segunda-feira e que se prolongaram durante três dias foram uma "manobra de retaliação" contra o encontro entre a chefe de Estado de Taiwan (República da China) e Kevin McCarthy da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos.

O encontro entre Tsai Ing-wen e McCarthy ocorreu na semana passada na Califórnia, Estados Unidos. 

"Como Presidente, represento o nosso país no mundo quer durante visitas (oficiais) aos países aliados quer em escalas nos Estados Unidos ou em contactos com os nossos amigos internacionais. Isto acontece há muitos anos e corresponde às expectativas do povo de Taiwan", disse Tsai numa declaração escrita difundida hoje em Taipé.  

"A China usou isto [o encontro na Califórnia] como pretexto para dar início a exercícios militares, criando instabilidade no Estreito de Taiwan. Isto não é uma atitude responsável por parte da maior nação da região", acusou. 

A República Popular da China encara os contactos internacionais de Taiwan como iniciativas no sentido da independência formal da ilha cuja soberania é reclamada desde a vitória dos comunistas na Guerra Civil chinesa que terminou em 1949.

 As forças nacionalistas, lideradas por Chiang Kai-Shek (1887-1975), refugiadas na ilha estabeleceram na Formosa a República da China provocando tensões que se prolongam desde o final da Guerra Civil visto que Pequim pretende a reunificação do território mesmo que seja "preciso utilizar a força".

O Exército Popular de Libertação da República Popular da China reiterou as ameaças durante os últimos exercícios.

"As tropas no 'teatro de operações' estão prontas para lutar a qualquer momento e podem lutar a qualquer momento para esmagar qualquer forma de 'independência de Taiwan' assim como as tentativas de interferência estrangeira", disse o comando oriental do Exército Popular de Libertação em comunicado.

Nos últimos anos, a República Popular da China aumentou a presença militar no Estreito da Formosa usando aviões de combate com frequência diária e realizando manobras junto às águas territoriais e no espaço aéreo de Taiwan. 

No passado mês de agosto, após a visita de Nancy Pelosi, na altura presidente do Congresso dos Estados Unidos, a República Popular da China realizou ensaios com mísseis balísticos ao largo de Taiwan tendo também enviado navios de guerra para o limite das águas internacionais. 

Na mesma altura, Pequim ordenou disparos de mísseis que sobrevoaram a República da China e que acabaram por cair nas águas da Zona Económica Exclusiva do Japão provocando o agravamento das tensões na região.

As últimas manobras militares concentraram-se no desempenho dos meios aéreos da República Popular da China tendo Taipé indicado que mais de 200 aviões de combate de Pequim foram mobilizados.

Na segunda-feira, o Ministério da Defesa de Taiwan disse que registou a passagem de 91 aviões de combate da República Popular da China ao largo da ilha. 

A CCTV, estação de televisão de Pequim, citando o Exército Popular de Libertação, disse que os exercícios simularam navegação de combate e a neutralização de alvos no mar.

Apesar do final das manobras, na segunda-feira, o Ministério da Defesa de Taipé disse hoje que oito navios de guerra da República Popular da China mantêm-se ao largo de Taiwan. 

Entretanto, a chefe de Estado de Taiwan pediu hoje para a população da República da China ignorar o que considerou "desinformação" sobre os meios de defesa da ilha nacionalista.

Leia Também: Taiwan deteta 26 aeronaves e nove navios de guerra chineses

 

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