Ao mais de um milhão de deslocados internos devido, sobretudo, à violência no Norte do país, juntam-se mais de 31 mil refugiados e requerentes de asilo, que fugiram de conflitos ma República Democrática do Congo, Burundi, Somália ou Ruanda, recordou a organização em comunicado, descrevendo "uma crise humanitária de larga escala, onde o financiamento não chega e é crucial".
A situação traz desafios acrescidos para quem presta apoio no terreno a pessoas refugiadas e deslocadas internamente, caso da Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) que, apesar da falta de financiamento, tem desempenhado um papel significativo em Moçambique, tendo liderdao o mecanismo de coordenação de atividades de proteção que prestou ajuda a 485 mil pessoas afetadas pelos ataques em Cabo Delgado.
É neste contexto que a Portugal com ACNUR lança este mês a primeira campanha de "sensibilização e angariação de fundos para apoio à população deslocada de Moçambique", para ajudar a financiar as operações ACNUR, adiantou Joana Brandão, Diretora da organização.
"É necessário o apoio das pessoas e empresas para evitarmos que esta situação de subfinanciamento se agrave e a ajuda não chegue a um país que acumula anos de conflitos e as consequências de graves desastres climáticos", explicou no comunicado.
A situação em Moçambique é ainda agravada por o país estar exposto a eventos climáticos extremos, como ciclones e cheias, e surtos de doenças como a cólera, pelo que o ACNUR tem vindo a redobrar esforços mas "a vulnerabilidade aumenta de dia para dia".
Além disso, com múltiplas emergências mundiais "o financiamento é limitado e está a tornar-se mais escasso à medida que os doadores desviam o financiamento para emergências de grande visibilidade, tais como a Ucrânia", referiu Damien Mc Sweeney, Responsável do Departamento de Relações Externas do ACNUR, também citado no comunicado.
"Receamos não ser capazes de prestar serviços essenciais para salvar vidas, tais como o acesso a alimentos, abrigo e serviços básicos à população afetada", alertou este responsável.
Os recentes eventos climáticos extremos, como o ciclone Freddy em fevereiro e março deste ano, trouxeram desafios adicionais já que "mais de 380 mil pessoas foram afetadas só na província de Nampula, incluindo dezenas de milhares de deslocados. Pessoas que necessitam urgentemente de assistência humanitária, incluindo materiais de abrigo para reconstruir as casas que ruíram durante a tempestade", recordou ainda o ACNUR.
Damien Mc Sweeney alertou que a falta de financiamento em Moçambique pode deixar muitas pessaos sem "serviços críticos de assistência e proteção".
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