Irão volta a impôr às mulheres uso do véu islâmico a partir de sábado
O Irão vai voltar a impôr o véu islâmico às mulheres, regra que será fiscalizada com a ajuda de câmaras de vigilância, enquanto grupos de estudantes anunciaram protestos contra o regresso da medida.
© Pixabay
Mundo Irão
"A aplicação do plano do véu e a castidade começará amanhã", anunciou hoje o chefe da polícia iraniana, Ahmad Erza Radan, citado pelo diário Hammihan.
O responsável pelas forças policiais do país assegurou que "as câmaras não cometem erros" no momento de identificar as mulheres que não se cobrem com o véu, com uso obrigatório no Irão desde 1983.
Há uma semana, a polícia iraniana anunciou que iria utilizar câmaras para identificar em diversos locais as mulheres que não usam o 'hijab'.
As mulheres identificadas sem véu receberão uma mensagem de texto onde são informadas da infração. Caso reincidam, serão indiciadas e terão de comparecer em tribunal.
A lei pune as mulheres que não usam o véu com multas e penas até dois meses de prisão, mas as autoridades estão a considerar outras opções, como a privação de utilizar serviços bancários.
As autoridades também já advertiram lojas e restaurantes para que não atendam mulheres descobertas e diversos estabelecimentos já encerraram por esse motivo.
No início de abril, os ministérios da Educação e da Saúde anunciaram que não permitirão que as estudantes sem véu frequentem as universidades e institutos.
Diversas organizações estudantis anunciaram protestos para sábado contra a imposição da nova medida.
"Devemos responder às medidas repressivas do Governo com manifestações, protestos, concentrações e pichagens", indiciaram várias organizações estudantis em comunicado.
Muitas mulheres deixaram de usar o obrigatório véu islâmico como forma de protesto e desobediência civil desde a morte em setembro de Mahsa Amini, detida por não usar de forma correta o 'hijab'.
A morte de Amini que ocorreu durante a detenção originou protestos em todo o país e que se converteram num protesto político contra a República islâmica, com importante participação das universidades, institutos e colégios.
A repressão dos protestos provocou cerca de 500 mortos, incluindo diversos agentes policiais, milhares de detidos e quatro enforcamentos.
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