Forças russas retomam forte ofensiva contra defensores de Bakhmut
A batalha por Bakhmut está a intensificar-se novamente, destacaram esta sexta-feira analistas e autoridades russas, enquanto os defensores ucranianos da cidade arrasada pelo conflito resistiam a um ataque russo coordenado em três frentes.
© REUTERS/Oleksandr
Mundo Ucrânia
"A Rússia voltou energizar o seu ataque" a Bakhmut, sublinhou o Ministério da Defesa do Reino Unido numa análise aos acontecimentos recentes na cidade do leste da Ucrânia, que durante oito meses e meio foi palco da luta mais longa e sangrenta da guerra.
"A defesa ucraniana ainda detém os distritos ocidentais da cidade, mas foi submetida a um intenso fogo de artilharia russa nas últimas 48 horas", acrescentou o Governo britânico na sua avaliação, citado pela agência Associated Press (AP).
Até recentemente, o grupo militar privado russo Wagner liderava a campanha para conquistar Bakhmut, fazendo um progresso lento e desgastante à custa de milhares de vidas em ambos os lados. Agora, as unidades russas regulares juntaram-se ao ataque.
Analistas militares consideram que conquistar Bakhmut resultará numa ação de relações públicas e também terá valor militar tático para Moscovo, embora seja improvável que se torne decisivo no resultado da guerra.
O Ministério da Defesa da Rússia também apontou esta sexta-feira para a intensificação dos combates nas zonas ocidentais da cidade.
"Os destacamentos de assalto do [Grupo] Wagner estão destacados em operações de combate de alta intensidade para capturar áreas do oeste de Bakhmut com forças aerotransportadas apoiando os flancos", detalhou o ministério russo em comunicado.
A Defesa russa acrescentou: "As unidades das forças aerotransportadas que operam nos flancos estão a fornecer apoio aos esquadrões de assalto e a interromper as tentativas do inimigo de entregar munições à cidade e trazer reservas".
Bakhmut fica na província de Donetsk, uma das quatro províncias que a Rússia anexou ilegalmente no outono. Moscovo controla cerca de metade da província. Bakhmut é um trampolim para chegar à restante metade.
Autoridades ucranianas sublinharam que estão a ganhar tempo esgotando as forças russas na batalha, enquanto Kiev se prepara para uma contraofensiva.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, defende que, se a Rússia vencer a batalha de Bakhmut, o Presidente russo, Vladimir Putin, poderá começar a obter apoio internacional para um acordo que exigiria que a Ucrânia fizesse concessões inaceitáveis para encerrar a guerra.
O gabinete do Presidente ucraniano adiantou esta sexta-feira que os combates nas últimas 24 horas em Bakhmut destruíram dois jardins-de-infância e edifícios residenciais. A cidade já se assemelha a uma cidade fantasma.
Os combates continuam em outras zonas da região de Donetsk.
O bombardeamento russo de um edifício residencial fez esta sexta-feira pelo menos seis mortos e 18 feridos em Sloviansk, cidade do leste da Ucrânia, anunciou o governador local, alertando que poderá haver pessoas soterradas nos escombros.
Antes, o gabinete presidencial tinha referido que pelo menos três civis foram mortos e nove ficaram feridos de quinta para sexta-feira.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 415.º dia, 8.490 civis mortos e 14.244 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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