OMS exige acesso dos feridos a cuidados médicos no Sudão

A Organização Mundial da Saúde (OMS) instou hoje as partes envolvidas nos confrontos armados no Sudão a garantirem o acesso dos feridos a cuidados de médicos, alertando que essa é uma obrigação prevista no direito internacional.

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Lusa
16/04/2023 23:50 ‧ 16/04/2023 por Lusa

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Sudão

"A OMS recorda a todas as partes as suas obrigações ao abrigo do Direito Internacional Humanitário de proteger os feridos e doentes, civis, profissionais de saúde, ambulâncias e instalações de saúde", afirmou a agência das Nações Unidas com sede em Genebra.

Hoje foi o segundo dia consecutivo de confrontos entre o exército sudanês e uma poderosa força paramilitar, tendo como pano de fundo uma luta de poder entre os dois generais que governam o Sudão desde o golpe de Estado de 2021.

Pelo menos 56 civis foram mortos em 24 horas.

Perante a escalada dos confrontos, a OMS exigiu que todas as partes envolvidas no conflito respeitem a "neutralidade dos cuidados de saúde" e garantam o "acesso irrestrito às instalações de saúde para os feridos pelas hostilidades".

"Desde 13 de abril, mais de 83 pessoas foram mortas e mais de 1.126 pessoas ficaram feridas em Cartum, Cordofão do Sul, Darfur do Norte, Estado do Norte e outras regiões, com a concentração mais pesada de combates a ocorrer agora na cidade de Cartum", salientou ainda a organização liderada por Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Segundo a OMS, os suplementos distribuídos às instalações de saúde antes desta recente escalada do conflito estão agora esgotados e muitos dos nove hospitais de Cartum que recebem civis feridos estão a registar escassez de sangue, equipamentos de transfusão, fluidos intravenosos, suprimentos médicos e outros produtos essenciais para salvar vidas.

"Há relatos de escassez de pessoal médico especializado, incluindo anestesiologistas. Os cortes de água e de energia estão a afetar a funcionalidade das instalações de saúde e a escassez de combustível para geradores hospitalares também está sendo relatada" pelas unidades de saúde, alertou.

Também o anterior líder civil do Sudão, Abdullah Hamdok, alertou hoje que a situação humanitária no país é "catastrófica", uma crise agravada pela "guerra" que o Exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) têm protagonizado desde sábado.

"Esta maldita guerra está a destruir tudo. Apelo à comunidade internacional e às organizações regionais para que ajudem o Sudão", disse Hamdok numa declaração divulgada pela Sky News Arabia.

O antigo dirigente lembrou ainda que a situação já era difícil, mas que "foi exacerbada com esta guerra".

Entretanto, as Forças Armadas sudanesas garantiram que a situação geral no país é hoje "muito estável" e que, no segundo dia consecutivo de combates, houve apenas "confrontos limitados" entre o Exército e o grupo paramilitar.

Os militares adiantaram, em comunicado, que os confrontos ocorreram principalmente no perímetro do quartel-general do comando central do Exército em Cartum e noutras instalações militares, sem avançar mais detalhes.

"As nossas forças lidam com a situação com estabilidade, equilíbrio e grande profissionalismo", acrescentou o Exército, que indicou que os seus soldados "estão nas melhores condições, cumprindo o seu dever e com moral elevada".

Este domingo, perante a escalada de violência em cidades densamente povoadas, as duas partes aceitaram uma proposta da ONU para estabelecer corredores humanitários e cessar os combates em zonas residenciais entre as 16:00 locais e as 19:00, algo que permitiu a retirada de mais de mil residentes em Cartum.

Os confrontos começaram na manhã de sábado, dois dias após o Exército ter advertido que o país atravessa uma "conjuntura perigosa" que poderia levar a um conflito armado, na sequência do destacamento de unidades das RSF na capital sudanesa e noutras cidades, sem o consentimento ou a coordenação das Forças Armadas.

Leia Também: Mais de um milhar retirado da capital do Sudão graças a cessar-fogo

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