"Condeno veementemente a eclosão dos combates que estão a ocorrer no Sudão e apelo aos líderes das Forças Armadas Sudanesas e das Forças de Apoio Rápido para que cessem imediatamente as hostilidades, restabeleçam a calma e iniciem um diálogo para resolver a crise", disse o líder da Organização das Nações Unidas (ONU) na abertura de um Fórum de Financiamento para o Desenvolvimento, em Nova Iorque.
De acordo com Guterres, a situação já levou a "horríveis perdas de vidas", incluindo de muitos civis, pelo que qualquer nova escalada pode ser devastadora para o país e para a região.
"Exorto todos aqueles com influência sobre a situação a usá-la na causa da paz, para apoiar os esforços para acabar com a violência, restaurar a ordem e retornar ao caminho da transição", instou o ex-primeiro-ministro português.
A situação humanitária no Sudão, recordou Guterres, "já era precária e agora é catastrófica".
"Condeno as mortes e ferimentos de civis e trabalhadores humanitários e o ataque e pilhagem de instalações. Lembro a todas as partes a necessidade de respeitar o direito internacional, inclusive garantindo a segurança de todo o pessoal das Nações Unidas, de organizações associadas e trabalhadores de ajuda humanitária", disse.
O líder da ONU indicou que durante todo o fim de semana manteve contacto com autoridades sudanesas, assegurando estar envolvido ativamente com a União Africana, a Liga Árabe e líderes de toda a região face a este conflito.
"Reafirmo que as Nações Unidas estão com o povo do Sudão neste momento tão difícil, com total apoio aos seus esforços para restaurar a transição democrática e construir um futuro pacífico e seguro", concluiu.
O Sudão entrou hoje no terceiro dia consecutivo de combates, que continuam a atingir Cartum e noutras regiões do norte e oeste do país.
O exército informou no domingo que a situação geral é "muito estável" e que houve apenas "confrontos limitados" com as RFS, principalmente na capital sudanesa.
As forças armadas afirmam controlar a maioria das instalações militares e infraestruturas vitais em Cartum, e apreenderam o estratégico aeroporto de Merowe no norte do Sudão, bem como grandes partes da conturbada área de Kordofan e outras regiões das RFS.
Face à escalada da violência nas cidades densamente povoadas, o exército e as RFS aceitaram no domingo uma proposta da ONU para estabelecer corredores humanitários e cessar os combates nas zonas residenciais durante um breve período de três horas, o que permitiu a evacuação de mais de mil residentes na capital, informaram à EFE fontes do Crescente Vermelho Sudanês.
Segundo o Comité Médico Central Sudanês, pelo menos 97 civis foram mortos e 942 outros feridos durante os combates no fim de semana.
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