O político alemão está em Portugal para participar nas celebrações do 50.º aniversário da fundação do Partido Socialista (PS) e falava numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo português António Costa.
"O ataque russo à Ucrânia é um desafio para todos nós. Não apenas uma ameaça para a Ucrânia, mas também constitui uma ameaça para toda a arquitetura de segurança europeia. Pretende substituir a ordem internacional baseada em regras pelo direito do mais forte, que manda nos seus vizinhos e isso não podemos nem queremos permitir", assinalou o chefe do Governo alemão.
Após sublinhar o clima de confiança mútuo, os valores comuns e um consenso em torno de diversas questões decisivas à escala mundial, o dirigente social-democrata alemão -- que se reuniu com António Costa ao início da tarde e durante cerca de uma hora e meia na residência oficial do primeiro-ministro em São Bento -- frisou o compromisso de prosseguir um apoio "político, financeiro, humanitário" à Ucrânia.
"E também com armamento, como temos feito e enquanto for necessário", frisou.
Neste âmbito, emitiu um "especial reconhecimento" pelo apoio de Portugal à Ucrânia, designadamente a "disponibilização" de três carros de combate tipo Leopard II, de fabrico germânico, e já enviados para o terreno.
"Um sinal muito importante" na perspetiva da colaboração entre os dois países, assinalou Scholz.
"Em paralelo, a União Europeia (UE) tem de desempenhar melhor a sua função geopolítica, e melhorar a capacidade de ação da UE nomeadamente no que diz respeito ao alargamento global dos Balcãs ocidentais, e também da Ucrânia, Geórgia", prosseguiu.
O chanceler alemão, e já no período de perguntas e respostas, sustentou a necessidade de preparar um "futuro europeu", também assente na estabilidade financeira da zona euro, e em garantir relações comerciais mais diversificadas e acordos comerciais mais amplos.
"Portugal é também um bom parceiro no combate às alterações climáticas e está entre os primeiros na área da economia verde", acrescentou Scholz, após o encontro no qual os dois governantes abordaram a questão das alternativas energéticas, aceleradas pelo conflito ucraniano, e também assente num "corredor verde de hidrogénio".
Sobre a necessidade de um instrumento financeiro permanente da UE para evitar crises, o chanceler alemão voltou a sublinhar a necessidade de uma crescente cooperação entre os diversos Estados-membros do bloco comunitário e considerou que o fundo de cooperação europeu contribuiu para a estabilização das economias.
"Uma atuação que teve efeito, e muitos desses fundos vão permanecer disponíveis durante muitos anos na perspetiva de finanças sãs, e com um enorme esforço de Portugal nesta área", destacou.
Numa referência final ao conflito ucraniano, Scholz adiantou outros aspetos abordados na reunião com Costa.
"Temos a esperança de um fim rápido da guerra, mas pode ser algo que vai durar e também abordámos este aspeto e trocámos opiniões", disse Olaf Scholz, destacando ainda as prioridades estabelecidas no período atual: "O envio de sistemas de defesa antiaéreos, tanques, sistemas portáteis e outros sistemas ligados ao sistema norte-americano Patriot, tanques de combate e respetivas munições" para Kiev.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Já numa breve referência à atual crise no Sudão, palco de combates que opõem desde sábado o exército ao grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), o político alemão indicou tratar-se de uma situação "difícil e perigosa" que deve ser acompanhada "com muita atenção".
Leia Também: Chanceler alemão quer conclusão de acordo comercial com Mercosul