Kyiv acredita que pode vencer guerra da tecnologia contra Moscovo
As forças ucranianas e russas travam combates convencionais nas linhas da frente, mas a primeira grande guerra da era da Internet na Europa também desencadeou uma batalha tecnológica, que Kyiv acredita que pode vencer.
© Andrew Kravchenko/Bloomberg via Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
Embora os dois lados em conflito tenham mantido o ritmo um do outro até agora, quer nos ataques com 'drones' quer nas comunicações via satélite, o ministro da Transformação Digital da Ucrânia da Ucrânia sublinhou hoje, em entrevista à agência Associated Press (AP), que está confiante de que o seu país tem a motivação e habilidade para inovar mais que a Rússia.
Mykhailo Fedorov sublinhou que veículos aéreos não tripulados (drones), guerra eletrónica, comunicações por satélite e outras tecnologias têm sido uma parte fundamental da guerra com a Rússia, que começou há mais de um ano.
"As tecnologias permitem que a artilharia tradicional e moderna seja mais precisa e ajudam a salvar a vida dos nossos soldados", vincou.
"Quando temos olhos sobre nós próprios, podemos tomar decisões mais eficazes sobre a gestão das nossas tropas", acrescentou.
O ministro ucraniano reconheceu que a Rússia também está ciente da importância da tecnologia no campo de batalha e está a desenvolver e melhorar ativamente a sua própria.
"Todos os dias há novos 'drones' no campo de batalha do nosso lado e do lado da Rússia. Nós vemos que tipos de 'drones' eles têm. Capturamos, desmontamos e estudamos", destacou Fedorov.
O ministro da Transformação Digital divulgou também que o seu Governo está a planear novos projetos de tecnologia para incentivar mais competição e inovação.
"Nesta guerra tecnológica, com certeza venceremos", garantiu.
Nas últimas semanas, a expectativa de uma possível contraofensiva ucraniana nesta primavera aumentou.
Fedorov realçou que é impossível imaginar qualquer operação eficiente sem tecnologias no campo de batalha.
A Ucrânia não monta uma grande operação para libertar territórios ocupados desde que retomou a cidade de Kherson e parte da província vizinha em novembro passado. No entanto, a frequência de ataques de 'drones' relatados na Rússia aumentou.
Nos últimos meses, uma série de ataques com 'drones' atingiu áreas no sul e no oeste da Rússia, refletindo o crescente alcance das Forças Armadas ucranianas.
Após cada ataque, as autoridades russas culparam a Ucrânia, mas as autoridades ucranianas não chegaram a assumir abertamente a responsabilidade. Em vez disso, enfatizaram o direito de atingir qualquer alvo em resposta à agressão russa.
Fedorov frisou que o efeito da guerra de 'drones' da Ucrânia pode ser visto nas ações de Moscovo, referindo que a Rússia começou agora a mover equipamentos blindados para mais longe da linha de frente.
Já sobre a batalha pela cidade de Bakhmut, a mais longa da guerra até agora, Fedorov apontou que o "uso de tecnologias é inestimável em tais situações".
"Quando temos recursos de artilharia, armas, munições e 'drones' de ataque limitados, precisamos de ser o mais precisos possível", analisou.
Por outro lado, a entrega da ajuda prometida pelos aliados continua "crítica", alertou o ministro responsável pelas tecnologias.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.534 civis mortos e 14.370 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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