Kyiv pede às empresas italianas investimento na reconstrução do país

Líderes ucranianos pediram hoje às empresas italianas que invistam na reconstrução do seu país, apontando oportunidades nos setores da energia, infraestruturas e agricultura.

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© Valeria Mongelli/Bloomberg via Getty Images

Lusa
26/04/2023 19:19 ‧ 26/04/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Esta guerra oferece oportunidades para o futuro", disse o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por videoconferência, durante uma conferência bilateral em Roma dedicada à reconstrução da Ucrânia.

Esta conferência de um dia, proposta pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, durante uma visita a Kyiv em fevereiro, reuniu mais de 600 empresas italianas, contrapartes ucranianas e representantes governamentais.

Zelensky lembrou a gama de matérias-primas que a Ucrânia pode fornecer às empresas estrangeiras, desde minério de ferro até lítio e titânio.

"Podemos fornecer tudo isso para os mercados globais e iremos", disse o líder da Ucrânia, que enfrenta a invasão da Rússia desde 24 de fevereiro do ano passado, com a destruição de várias cidades e infraestruturas críticas.

Segundo Zelensky, "mesmo que centenas de aldeias tenham sido destruídas por ataques de mísseis russos", a Ucrânia está pronta a trazê-las de volta à vida: "Queremos reconstruí-las com padrões modernos, para que o nosso povo possa viver como milhões de outros, em segurança".

"Falar da reconstrução da Ucrânia significa apostar concretamente na sua vitória e no fim do conflito", sublinhou, por sua vez, Meloni, afirmando estar "certa de que o futuro da Ucrânia será um futuro de paz, um futuro de prosperidade, um futuro cada vez mais europeu", pedindo aos aliados europeus que acelerem a candidatura de Kyiv à União Europeia.

O ministro italiano da Economia, Giancarlo Giorgetti, anunciou que a Itália contribuirá com 100 milhões de euros para a nova iniciativa "União Europeia para a Ucrânia" do Banco Europeu de Investimento, que visa financiar projetos de reconstrução.

Seis memorandos de entendimento foram assinados em Roma em áreas como proteção ambiental, ferrovias, indústria agroalimentar e construção de barragens hidroelétricas, disse o primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal.

O governante acrescentou que a Ucrânia precisaria de mais de 24 mil milhões de dólares (21 mil milhões de euros) "para atender às necessidades básicas, como habitação e aquecimento" em 2023.

Outras prioridades de Kyiv incluem transportes, infraestruturas e transportes de desminagem, acrescentou.

O primeiro-ministro da Ucrânia deve encontrar-se na quinta-feira com o Papa Francisco, que repetidamente pediu paz na Ucrânia.

Meloni e os seus ministros destacaram a experiência da Itália em muitas áreas que a Ucrânia precisa: desminagem, fornecimento de veículos agrícolas e portos italianos para exportar cereais ucranianos para o mundo inteiro, enquanto o chefe da diplomacia de Kyiv, Dmytro Kuleba, pediu às empresas que não adiem os investimentos.

"Estamos a fazer um milagre ao fazer comércio e avançar com as reformas, então, por favor, não considerem a guerra um obstáculo no caminho dos seus negócios com a Ucrânia", acrescentou Kuleba, salientando que a reconstrução já começou, embora as hostilidades aindam estejam em curso.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, disse que a conferência atraiu também centenas de empresas da Ucrânia, destacando que a iniciativa italiana faz parte de um processo mais amplo, em que Alemanha e França já realizaram as suas próprias conferências bilaterais com empresas ucranianas em outubro e dezembro, respetivamente, enquanto os países do G7 lançaram uma Plataforma de Coordenação de Doadores em fevereiro.

Um relatório do Banco Mundial estimou que a Ucrânia precisará de 411 mil milhões de dólares (372 mil milhões de euros) nos próximos 10 anos para a reconstrução, dos quais 14 mil milhões de dólares (12,6 mil milhões de euros) para a reconstrução crítica e prioritária, bem como investimentos de recuperação só em 2023.

Em 05 de julho do ano passado, a Ucrânia e os seus aliados chegaram a acordo em Lugano, Suíça, sobre os princípios orientadores da reconstrução do país. Portugal esteve representado no encontro pelo ministro da Educação, João Costa, que se comprometeu com a reconstrução de escolas na região de Jitomir, a cerca de 150 quilómetros a oeste de Kyiv, onde se estima que tenham sido destruídos pela guerra cerca de 70 estabelecimentos de ensino.

Além do apoio para a reconstrução, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, que visitou Jitomir em 24 de agosto, as autoridades locais pediram ajuda também, conjuntamente com outros parceiros internacionais, para definir a base curricular para os alunos da região.

Contactado pela Lusa, o Ministério da Educação disse hoje que a Parque Escolar tem estado a trabalhar em conjunto com as entidades ucranianas no projeto de reconstrução de escolas na cidade de Jitomir, "tendo já concluída uma proposta de programa funcional".

Na área da Educação está ainda prevista a vinda de professores ucranianos a Portugal, para realizarem ações de formação.

Leia Também: Kyiv lança 'cluster' de tecnologia para aumentar poder militar

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