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Cabo Verde quer "convencer" parceiros e ser "mais relevante" após crises

O vice-primeiro-ministro cabo-verdiano, Olavo Correia, considerou hoje que, depois das crises, o país tem uma "soberana oportunidade" para ser "mais relevante" e espera "convencer" parceiros de desenvolvimento na segunda conferência internacional que acontece na ilha da Boa Vista.

Cabo Verde quer "convencer" parceiros e ser "mais relevante" após crises
Notícias ao Minuto

20:55 - 26/04/23 por Lusa

Mundo Cabo Verde

"Cabo Verde tem hoje uma soberana oportunidade para, no final destas múltiplas crises, (...) de ser um país mais relevante", traçou o também ministro das Finanças, em conferência de imprensa na cidade de Sal-Rei, ilha da Boa Vista, que a partir de quinta-feira recebe a segunda Conferência Internacional de Parceiros (CIP), organizado pelo Governo cabo-verdiano.

Durante o evento, que vai ser realizado na segunda ilha mais turística do arquipélago, Cabo Verde espera mobilizar 2.000 milhões de euros para "projetos transformadores" do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável 2022-2026 (PEDS) II.

Segundo o governante, já com essa visão e esse plano elaborados, Cabo Verde tem a oportunidade de ser um país mais relevante ao nível do digital, da transição energética, sem pobreza extrema, da inclusão social, da diversificação da economia ou da governação.

"Se os parceiros estiverem à procura de um país no continente africano que possa garantir essa relevância e ser um exemplo para o continente e para o mundo, este país chama-se Cabo Verde", salientou Olavo Correia, que espera "convencer" os parceiros de desenvolvimento.

Para esta nova visão de futuro corporizada no PEDS II, o vice-primeiro-ministro disse que requer investimentos públicos, mas entendeu que cada vez mais é "fundamental" as parcerias público-privadas.

"E eu não tenho dúvidas nenhuma em como o nosso discurso, a nossa narrativa e o nosso plano têm o mérito de convencer os nossos parceiros em como estamos no caminho certo do ponto de vista da visão", constatou, dizendo que os parceiros vão "reforçar" os seus compromissos com Cabo Verde.

"E nós estamos otimistas em como este plano, esta visão que estamos a desenvolver vai ter todo o mérito de convencer os parceiros e, convencendo os parceiros, o financiamento será muito fácil", ambicionou Correia, dizendo que o mundo hoje tem liquidez, mas a questão que se coloca é como aceder a essa liquidez, nos planos privados, multilateral e bilateral.

A segunda conferência, que vai decorrer sob o lema "Impulsionar mudanças e acelerar o desenvolvimento", contará com a presença, física e virtual, de todos os parceiros de desenvolvimento de Cabo Verde, quer públicos e privados, nacionais e internacionais.

A cerimónia de abertura na quinta-feira vai ser feita pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e durante dois dias o Governo vai apresentar os seus projetos e a sua visão de desenvolvimento e espera mobilizar recursos para a sua realização.

Além dos parceiros tradicionais e existentes, Cabo Verde quer ainda mobilizar parceiros emergentes, com foco na região africana, instituições de financiamento climático, setor privado nacional e internacional, a diáspora e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês).

O PEDS II foi apresentado pelo Governo cabo-verdiano em 2022, concebido para consolidar a estratégia de desenvolvimento sustentável e acelerar transformações estruturais que tornem o país mais resiliente e menos vulnerável a choques externos.

No documento preconiza-se um crescimento económico médio anual não abaixo de 5%, a erradicação da pobreza extrema até 2026, a redução da pobreza absoluta e a redução das assimetrias regionais, reforçando a coesão territorial e a coesão social.

O plano pretende cumprir os objetivos estratégicos de Cabo Verde, nomeadamente, garantir a recuperação económica, a consolidação orçamental e o crescimento sustentável, promover a diversificação e fazer do país uma economia de circulação localizada no Atlântico médio.

Cabo Verde está a recuperar de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística e no ano passado recuperou totalmente dessa quebra, com a economia a crescer 17,7%, impulsionado pelo turismo, de acordo com dados das Contas Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE).

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