"Neste Natal, a Venezuela merece paz, unidade e mesas cheias de amor, com famílias completas. O nosso país não merece casas com cadeiras vazias como consequência da repressão. Basta de dor, basta de perseguição, basta de presos políticos", afirma em um comunicado divulgado em Caracas.
A PUD começa o documento considerando que "o Natal é tempo de reflexão, esperança e reafirmação dos valores cristãos" e reiterando "o compromisso de lutar por uma Venezuela livre, em paz, liberdade e reconciliação, onde cada família possa estar completa, sem ausências impostas pela injustiça ou pela intolerância".
"Hoje abraçamos todos os venezuelanos e, de uma forma especial, aqueles que têm vivido a dor dilacerante da perda, o sofrimento da separação ou a injustiça da prisão, simplesmente por terem ousado pensar de forma diferente. A eles dizemos que não estão sós. Os seus anseios de liberdade são também os anseios de toda a Venezuela, um povo que exige um câmbio e justiça, e que espera que o respeito pelos direitos humanos prevaleça em breve no nosso país", afirma.
A PUD conclui o comunicado afirmando que está "hoje, mais do que nunca, em plena unidade com todos os venezuelanos" e pedindo um "Natal sem presos políticos".
Em 18 de dezembro último a organização não-governamental (ONG) venezuelana Fórum Penal (FP) denunciou que na Venezuela estão detidas, por motivos políticos 1.877 pessoas, o número mais elevado no século XXI.
"Balanço de presos políticos: registámos e qualificámos o maior número de presos políticos conhecido na Venezuela, pelo menos no século XXI. Continuamos a receber e a registar os detidos", explica ONG na sua conta do X, antigo Twitter.
Segundo a FP, 1.642 presos políticos são homens e 235 mulheres, e 1.715 são civis e 162 militares. Sobre as idades, 1.871 são adultos e 6 adolescentes com idades compreendidas entre 14 e 17 anos.
Do total de presos políticos, 146 foram condenados e 1.731 aguardam julgamento.
A FP desconhece o paradeiro de 27 presos políticos.
"Desde 2014 registaram-se 18.096 detenções políticas na Venezuela. A FP assistiu gratuitamente mais de 14.000 detidos, hoje excarcerados, e outras vítimas de violações aos seus direitos humanos", refere.
Na X, a FP explica que os dados das pessoas que privadas da liberdade não inclui ainda todos os que foram detidos ou libertados, ou que estão sob arresto a curto prazo (48 horas).
Em 21 de dezembro o Ministério Público (MP) da Venezuela anunciou que tinham sido libertados 733 presos detidos após as eleições presidenciais de 28 de julho.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória ao Presidente e recandidato Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos.
A oposição afirma que Edmundo González Urrutia (atualmente exilado em Espanha) obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.
Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, e registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela ainda não divulgou as atas do sufrágio desagregadas por assembleia de voto.
O próximo Presidente da Venezuela tomará posse a 10 de janeiro de 2025 para um mandato de seis anos.
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