Nações Unidas pedem abertura de novos corredores humanitários no Sudão

As Nações Unidas pediram hoje a abertura de novos corredores humanitários no Sudão para levar ajuda à população, enquanto espera que o exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla inglesa) observem um verdadeiro cessar-fogo.

Notícia

© AFP via Getty Images

Lusa
27/04/2023 19:14 ‧ 27/04/2023 por Lusa

Mundo

Sudão

"O meu apelo hoje não é apenas para que o cessar-fogo seja respeitado, mas (...) para a abertura de diferentes corredores humanitários para permitir que a assistência seja levada àqueles que dela necessitam. E posso dizer que atualmente quase todos os sudaneses precisam de ser assistidos", afirmou o coordenador humanitário da ONU no país, Abdou Dieng.

Falando por telefone a partir de Porto Sudão -- para onde quase todo o pessoal da ONU foi deslocado - Dieng disse que a violência torna extremamente difícil a distribuição de ajuda e que, enquanto se aguarda um cessar-fogo que seja aplicado, devem ser abertos corredores para facilitar a chegada dessa ajuda a quem necessita.

O comissário sublinhou que, apesar dos vários cessar-fogos anunciados, os combates continuam e as pilhagens generalizaram-se por todo o país.

Dieng recordou que a situação humanitária no Sudão já era dramática antes do conflito e só se agravou nos últimos dias.

A ONU tinha fixado como objetivo para este ano apoiar mais de 15 milhões de pessoas, uma em cada três da população, pedindo aos doadores 1,7 mil milhões de dólares, dos quais apenas 15% foram angariados até agora.

As Nações Unidas e vários países têm tentado, nos últimos dias, mediar o conflito entre o exército e as RSF para pôr termo aos confrontos que eclodiram em 15 de abril e que já fizeram mais de 512 mortos civis e mais de 4.000 feridos.

De visita a Washington, o secretário-geral da ONU, António Guterres, debateu a situação no Sudão com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que também tem estado envolvido na tentativa de resolver a crise.

Entretanto, o Governo do Quénia anunciou que já conseguiu retirar do Sudão um total de 444 pessoas, incluindo um grupo de 63 quenianos que chegaram ao Aeroporto Internacional de Nairobi.

Os cidadãos retirados foram recebidos pela ministra do Turismo do Quénia, Peninah Malonza, e pelo secretário-geral em exercício da Sociedade da Cruz Vermelha do Quénia, Ahmed Idris.

"Em nome do Governo do Quénia, tenho o prazer de dar as boas-vindas aos nossos irmãos e irmãs quenianos que foram retirados com sucesso do Sudão", declarou a ministra na rede social Twitter.

"Há mais a caminho e o governo estará disponível para prestar a assistência necessária", acrescentou Malonza, sublinhando que o seu país estava "empenhado em garantir o regresso em segurança de todos os quenianos e de outras nacionalidades que desejem regressar do Sudão".

O Quénia, acrescentou, "acredita firmemente que a situação trágica no Sudão pode e deve ser rapidamente invertida" e apoia a comunidade internacional "no apelo à cessação das hostilidades, à observância do cessar-fogo humanitário e ao empenho numa resolução pacífica e duradoura da crise".

Na quarta-feira, o Governo já repatriou 242 cidadãos, incluindo quenianos, diplomatas e pessoal da ONU e de outras organizações acreditadas em Nairobi.

O primeiro grupo de quenianos retirados do Sudão, 39 estudantes, chegou à capital na segunda-feira.

Pelo menos 512 pessoas foram mortas e 4.193 ficaram feridas desde o início dos combates, principalmente em Cartum e Darfur (oeste), informou na quarta-feira o Ministério da Saúde sudanês.

Apesar de uma trégua de 72 horas mediada pelos Estados Unidos ter entrado em vigor na segunda-feira de manhã, combates de baixa intensidade continuaram.

Os combates seguiram-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição.

Ambas as forças estiveram por trás do golpe conjunto que derrubou o executivo de transição do Sudão em outubro de 2021.

Vários países, incluindo Portugal, estão a retirar os seus cidadãos do Sudão, devido aos intensos combates.

Vinte portugueses que pretendiam deixar o Sudão já foram retirados no país, informou na quarta-feira, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que avançou permanecerem no território dois cidadãos nacionais.

Leia Também: Sudão. Cerca de 3.000 pessoas fugiram para a República Centro-Africana

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas