Ucrânia. Últimos ataques são crime de guerra e "não haverá impunidade"
A Comissão Europeia advertiu hoje que bombardeamentos na Ucrânia como os perpetrados pelas Forças Armadas da Rússia na última noite são um crime de guerra e "não haverá impunidade" para todos os envolvidos.
© Lusa
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"Infelizmente, na última noite e nas primeiras horas do dia de hoje, a Rússia continuou os bombardeamentos à Ucrânia com uma onda gigantesca de ataques com mísseis e 'drones' por todo o país. Tinha como alvos, mais uma vez, civis, que estavam a dormir", disse o porta-voz da Comissão para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança Peter Stano.
"Isto é um crime de guerra", sustentou Peter Stano em conferência de imprensa, em Bruxelas (Bélgica), acrescentando "não haverá impunidade para os comandantes, para os criminosos e para os cúmplices".
As autoridades ucranianas informaram que foram registados esta madrugada ataques russos a várias cidades ucranianas, causando pelo menos 16 mortos, tendo sido ativada a defesa aérea em Kiev.
"Este terror russo deve ter uma resposta justa da Ucrânia e do mundo", disse o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na rede social Telegram.
"Qualquer ataque, qualquer ato maligno contra o nosso país e (o nosso) povo aproxima o estado terrorista (Rússia) do fracasso e da punição", adiantou.
Em Uman, uma cidade com cerca de 80.000 habitantes no centro do país, o porta-voz da polícia regional, Zoya Vovk, disse no Telegram que um míssil atingiu um prédio residencial de nove andares.
O último balanço do Ministério da Administração Interna ucraniano aponta para 14 mortos e dezenas de feridos em Uman, sendo que mais de 100 pessoas viviam nos blocos de apartamentos atacados, de acordo com a agência ucraniana Ukrinform.
"O ataque com mísseis [a Uman] foi lançado enquanto os civis dormiam. Típico de terroristas russos", escreveu no Telegram o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak.
O presidente da câmara de Dnipro, Borys Filatov, afirmou no Telegram que uma mulher jovem e uma criança de três anos morreram na cidade.
O líder das Forças Armadas da Ucrânia, Valeri Zaluzhni, disse num comunicado que as defesas do país conseguiram abater dois drones e 21 dos 23 mísseis lançados pela Rússia, incluindo 11 em Kiev.
Embora a Rússia tenha bombardeado regularmente cidades e infraestruturas ucranianas no inverno, os ataques massivos tornaram-se mais raros nos últimos meses.
A maior parte dos combates está agora a decorrer no leste, pelo controlo da região industrial de Donbass, incluindo a cidade de Bakhmut, que foi quase completamente destruída.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.574 civis mortos e 14.441 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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